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Absorvente e imprevisível, suspense da Netflix vai bagunçar sua cabeça e te intrigar até o segundo final


Em “Sombra Lunar”, uma assassina em série aparece a cada nove anos aplicando isótopos nos pescoços de algumas pessoas específicas que, consequentemente, explodem seus cérebros em alguns minutos. O policial Thomas Lockhart (Boyd Holbrook), que busca uma promoção a detetive, fica obcecado pelo caso e passa sua vida investigando os crimes e sua motivação. Tudo começa em 1988 e, conforme os anos passam e ele se aprofunda no mistério, sua vida vai se fragmentando junto com sua sanidade.

Dirigido por Jim Mickle, com roteiro de Gregory Weidman e Geoffrey Tock, o filme foi lançado em 2019 e gravita sobre temas de ficção-científica, como viagem no tempo e futuro distópico. Com um roteiro ambicioso, excêntrico e em sua maior parte confuso, acompanhamos Lockhart por diversos saltos temporais, que se arrastam ao longo dos anos de 1988 e 2024, promovendo uma transformação química do gênero policial noir para uma sci-fi pós-apocalíptica.

“Sombra Lunar” é um projeto de um louco ou um gênio, que mistura algumas ideias primordiais de produções de sucesso, como “Os 12 Macacos” e “Efeito Borboleta”. E, sim, é cheio de reviravoltas que podem explodir sua mente. O mérito é amarrar bem todas as pontas no fim, embora seu decorrer seja tão maluco quanto uma viagem de ácido mergulhada em “Blade Runner”. É quase sempre noite e a fotografia é iluminada por reflexos cinzentos no asfalto e luzes neon, um bom trabalho de fotografia de David Lanzenberg, que recentemente prestou seus serviços nas séries “Wandinha” e “O Mundo Sombrio de Sabrina”.

Os momentos de tensão poderiam ter sido mais bem aproveitados por Mickle, que é especialista em thrillers bem avaliados, mas os melhores ganchos acabaram sendo diluídos em um drama pálido sobre um pai de família que acabou se afastando da filha por conta de sua obsessão pelo caso. Filmes que giram em torno de temas similares são comuns, mas “Sombra Lunar” definitivamente preenche as outras características desta produção com qualidades bastante autênticas. No fim das contas, é uma obra cinematográfica como nenhuma outra.

Com cara de filme de alto-custo, a produção abusa de cenas bem coreografadas, efeitos bem finalizados e perseguições emocionantes. Algo que também é envolvente é a conexão de Lockhart com sua assassina em série, que mesmo após ter morrido diante dos olhos do protagonista, retorna nove anos depois da primeira cadeia de mortes para continuar seu trabalho. Os eventos e motivos são explicados, mas não antes do final do filme, justificando, até mesmo, essa química entre os dois personagens.

“Sombra Lunar” também perpassa temas importantíssimos, como raciais, políticos e sociais, mas parece apressado demais para se aprofundar neles. Da mesma forma, os personagens não ganham muitas camadas, porque a história, que é muito boa, também é muito densa e complexa e acaba consumindo todo o tempo e recurso que poderia ser investido em uma abordagem mais contemplativa do filme.

“Sombra Lunar” merece ser visto sob um olhar empático. É uma obra inteligente e cheia de potencial feita com muito esforço por cineastas com uma desafiadora fome de inovação.


Filme: Sombra Lunar
Direção: Jim Mickle
Ano: 2019
Gênero: Ação / Thriller / Ficção-Científica
Nota: 7/10



Via R7.com

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