Alunos da Escola Estadual Divina Pastora, em Campo Magro, na Região Metropolitana de Curitiba, subiram ao pódio da Mostra Brasileira de Foguetes, iniciativa que fez parte da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica, realizada com o apoio da Sociedade Astronômica Brasileira e da Agência Espacial Brasileira. A equipe formada por três estudantes do 7º ano do Ensino Fundamental conquistou o primeiro lugar em lançamento de foguetes, disputado na cidade de Barra do Piraí, Rio de Janeiro.

O grupo superou outras 76 equipes de todo o Brasil com o lançamento de um foguete feito com garrafas pet e propulsão por ar comprimido, alcançando 400,08 metros de distância horizontal. Eles quebraram dois recordes: um de 2019 (272 metros) e outro de 2022 (336 metros). “Foi a estreia deles na competição e já conquistaram a melhor marca. Novatos e recordistas”, comemora o professor de Ciências, com ênfase em Astronomia, Jefferson Farias de Cristo.  

Os estudantes Camila Maria Spaki, Lucas Rafael Alex e Bruno Henrique Colodel, que formaram a equipe, única representante do Paraná, precisaram cumprir algumas etapas até chegar à Jornada.

Nos meses de abril e maio, houve uma seletiva regional com uma prova objetiva e uma competição com lançamento de foguetes, com 84 estudantes do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental. O trio obteve as melhores marcas acima do mínimo. O passo seguinte foi a convocação para esta etapa nacional, que reuniu em Barra do Piraí 251 estudantes de escolas públicas e privadas.

CAMINHO DO FOGUETE – Como o grupo disputou em equipe, foi necessário aprimorar um único foguete e sua base. Para isso, foram realizados diversos testes, lançamentos, utilização de variados tipos de materiais, até que se chegasse ao protótipo, batizado de Cibele, “C! B& L€”, contendo as iniciais dos nomes dos estudantes.

“No começo eu não entendia muito de como seria participar da Olimpíada, mas ao longo do tempo fui pesquisando e fiquei cada vez mais interessado”, conta Lucas Rafael Alex, de 12 anos. “Com a ajuda dos meus pais, da direção da escola, do professor e dos colegas, a gente ia testando o equipamento para chegar  ao nosso objetivo. Foi uma experiência incrível e de muito aprendizado”.

Para Bruno Henrique Colodel, também de 12 anos, participar da Jornada representou um período para ampliar o círculo de amizades e o conhecimento. “Tivemos contato com outro nível de aprendizado por meio da elaboração dos foguetes, nas palestras e com a experiência de outras pessoas, aprendi muitas coisas novas”, relata.

Para arcar com os custos da viagem, inscrição e transporte, os estudantes contaram com recursos das famílias, campanhas de arrecadação em formato de “vaquinha virtual” e de rifas. “Tudo que fizemos valeu a pena. Foram dias incríveis, de muito conhecimento e troca de experiências com alunos de vários lugares do Brasil”, relembra Camila Maria Spaki, integrante do time.

Ela começou a ganhar confiança ainda na fase regional, quando o seu primeiro foguete competitivo obteve a marca de 91 metros. “Já achei esse resultado espetacular e na primeira reunião com os pais, o professor Jefferson disse que teríamos que, pelo menos, dobrar esse alcance e melhorar a base de lançamento e os foguetes. E aí comecei a testar e treinar para conseguir e deu certo”, lembra.

MELHORES MOMENTOS – Cada integrante do grupo indica um melhor momento da Jornada. “Para mim, foi quando  anunciaram que nossa equipe era a campeã. Foi uma emoção muito grande que vou levar pra vida”, diz Lucas. 

“Na minha opinião, foi quando descobrimos nossa metragem, pois estávamos tensos nos nossos lugares e a cada número que surgia era mais nervosismo, e mesmo assim encaramos tudo. No final, celebramos muito. E com muito orgulho, levamos o troféu de campeão para nossa escola”, reitera Bruno.

Camila considera que houve dois melhores momentos. “O primeiro, é claro, foi a emoção de acompanhar o primeiro lançamento do Cibele. Ver aquele foguete saindo certinho da base e alcançando uma longa distância, foi  indescritível. O segundo momento foi a emoção de descobrir que o foguete Cibele alcançou 400,8 metros e receber a  premiação de campeões”, diz.

Tanto para o professor Jefferson quanto para os alunos, a competição foi uma novidade. “Mesmo que estivéssemos muito preparados, nem nos meus melhores sonhos eu poderia imaginar que não apenas iríamos participar, mas também vencer e bater recorde”, diz.

“Isso me mostrou que existem crianças interessadas em mais do que o currículo propõe e elas merecem muita atenção. Sempre reforço aos estudantes que o estudo é fonte de mudança de realidade e verdadeiro conhecimento de mundo, e que pode nos levar a lugares, físicos e imaginários, que nunca sonhamos, e isso aconteceu com eles”, afirma.



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