Home Editorias Educação Após formação, professora transforma escola de Curitiba em laboratório de atividades

Após formação, professora transforma escola de Curitiba em laboratório de atividades


Incorporar hábitos saudáveis, prevenir doenças, cuidar melhor do corpo e da mente e conscientizar a comunidade sobre a importância da inclusão. Alunos do Ensino Médio do Colégio Estadual Cívico-Militar Olavo Del Claro, em Curitiba, têm se engajado em diversas questões essenciais para a promoção da saúde e da qualidade de vida, dentro e fora da escola. Por meio de trabalhos desenvolvidos em sala de aula, eles desenvolveram projetos multiplataformas que ultrapassaram os muros do colégio, alcançando amigos, familiares e a comunidade local.

A ação é parte do componente curricular de Oratória, que integra o itinerário formativo de Linguagens e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, do Novo Ensino Médio.

Segundo Janete do Rocio de Lara, professora dos componentes curriculares de Oratória e Língua Portuguesa e responsável pelo desenvolvimento da atividade, a proposta do trabalho surgiu a partir do programa Formadores em Ação, iniciativa da Secretaria de Estado da Educação do Paraná (Seed-PR) que promove a formação continuada para professores da rede de ensino, abordando diversos temas relevantes ao contexto educacional.

“Participo do Formadores em Ação como cursista em Oratória e, durante a formação, faço contato com práticas pedagógicas inovadoras que, mais atrativas aos alunos, lançam mão do uso das tecnologias para serem desenvolvidas”, relata.

“No mês de março, baseada no que observei durante o curso, propus que os estudantes desenvolvessem trabalhos de comunicação, utilizando as mídias sociais. A ideia foi explorar a habilidade da oratória dentro de uma linguagem acessível e interessante para eles. E que ferramenta melhor para despertar esse interesse do que as redes sociais?”, afirma.

Ela explica que a intenção dessa atividade foi levar a disciplina de Oratória para a prática, deixando de ser simplesmente uma matéria teórica e, pode vezes, cansativa para parte dos estudantes. “Assim, aliamos o componente ao uso do Instagram, TikTok e também do formato podcast”, explica.

A partir da proposta, os estudantes desenvolveram campanhas contra a dengue, incentivo de práticas esportivas para um estilo de vida saudável e que abordam dificuldades do dia a dia dos adolescentes e preparação para o vestibular.

INCLUSÃO – Um dos temas escolhidos foi o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), sobre o qual foi desenvolvida uma ação de conscientização. Pedro Eduardo Rodrigues de Amorim Ferreira, aluno do 3° ano, foi um dos participantes. Ele próprio tem TDAH e sentiu a necessidade de compartilhar com os colegas os desafios da convivência com a condição.

“Nós fizemos um podcast. Tive a chance de falar sobre como eu lidava com o TDAH na minha rotina a partir de perguntas criadas pelos colegas. E eu gostei bastante do resultado final porque é um negócio que nem todo mundo fala, né? Então você ter a visão de uma pessoa que tem e de uma pessoa que não tem”, diz Pedro.

Para ele, falar abertamente sobre o tema é essencial para desmistificar estigmas sociais. “Não tenho problemas em falar que tenho TDAH, eu mesmo sugeri o tema do trabalho. O que mais me incomoda em relação a isso é a hiperatividade. Tenho a necessidade de me mexer ou fazer algo com as mãos o tempo todo. As pessoas, às vezes, perguntam porque eu não paro quieto, e eu explico para elas, que entendem tranquilamente. O trabalho do podcast ficou muito bom, e gostaríamos de publicar futuramente ou até fazer um trabalho mais extenso”, completa.

Artur Da Costa Pantoja, colega de Pedro, foi responsável pela condução da entrevista. “Eu acho importante falar sobre TDAH, principalmente porque é um assunto que está em pauta nos dias de hoje e porque a gente convive com ele. Foi legal porque a gente percebeu como é a rotina diária de quem tem a condição”, afirma.

SAÚDE – Outro tema escolhido foi a prevenção da dengue. Para alertar os colegas sobre os cuidados necessários para prevenir a proliferação do mosquito Aedes aegypti, os estudantes visitaram todas as salas de aula, orientando os demais sobre a urgência da adoção de medidas práticas.

“Nossa preocupação era com nosso bairro. Percebemos que as pessoas não estavam tendo cuidados e os casos estavam aumentando. Resolvemos fazer esse trabalho para conscientizar os alunos que, por consequência, repassam essas orientações aos familiares e vizinhos”, explica Luiz Eduardo Maia Oliveira Rosa, um dos estudantes envolvidos.

Para reforçar a ação, eles imprimiram folhetos com orientações que foram distribuídos para os alunos e, para chamar ainda mais a atenção, uma das integrantes da equipe se fantasiou de mosquito da dengue. “Fizemos uma asa e as listras com fitas e tinta branca, na roupa preta. Foi uma forma bem-humorada de falar sobre o assunto”, reforça.

ATUALIZAÇÃO – Outros trabalhos desenvolvidos a partir da proposta abordaram temas como práticas esportivas, preparação para a faculdade, mercado de trabalho e relacionamentos amorosos.

“O campo da educação está sempre evoluindo, seja em termos de novas metodologias de ensino, tecnologias educacionais ou descobertas sobre o processo de aprendizagem. Neste contexto, o Formadores em Ação permite que os professores se mantenham atualizados sobre as melhores práticas e abordagens mais eficazes para o ensino, como foi o caso deste trabalho”, afirma Janete.

Ela ressalta que a formação continuada promovida pelo programa pode inspirar os professores a experimentarem novas abordagens, técnicas e recursos em sala de aula. “Isso estimula a inovação e a criatividade, permitindo que os educadores encontrem maneiras mais eficazes de engajar e motivar os alunos no processo de aprendizagem”, disse o secretário de Estado da Educação, Roni Miranda.

PROGRAMA – O Formadores em Ação tem como principal objetivo ressignificar as práticas pedagógicas curriculares. Há quatro anos, quando o programa teve início, foi ofertada a formação nas disciplinas de Biologia, Ciências, Língua Portuguesa e Matemática para 2 mil educadores cursistas e 120 professores responsáveis pela instrução.

Depois, a Seed-PR ampliou essa oferta para as disciplinas de Geografia, História e Química, contribuindo com a formação de mais de 6 mil professores cursistas e a participação de 400 professores formadores. Atualmente, abrange todas as disciplinas da matriz curricular.



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