Home Entreterimento Bateria é destaque positivo em ensaio irregular da Rosas de Ouro

Bateria é destaque positivo em ensaio irregular da Rosas de Ouro


A Rosas de Ouro encerrou a noite de ensaios técnicos nesse sábado no Sambódromo do Anhembi em preparação para o Carnaval 2023. Com destaque para a sempre ousada bateria de “Com Identidade”, de mestre Rafa, a escola por outro lado demonstrou fragilidade nos quesitos técnicos que precisam ser corrigidas até o dia do desfile oficial, terminando seu treinamento com uma hora e três minutos. A Roseira será a quinta escola a desfilar pelo Grupo Especial no dia 17 de fevereiro com o enredo “Kindala! Que o amanhã não seja só um ontem com um novo nome”.

Comissão de Frente

Primeiramente é preciso parabenizar os dançarinos da comissão de frente da Rosas de Ouro pela coragem de encarar o desafio proposto. O elemento alegórico utilizado é altíssimo, com algo que provavelmente será um navio após a preparação para o desfile, que fica balançando de um lado por outro apenas com o peso e a movimentação dos dançarinos em cima dele. São movimentos bruscos, como se fosse um pêndulo, e há pouco onde se segurar. Ao longo das duas passagens do samba, parte dos atores descem do carro por buracos na parte de trás do tablado que escondem uma fina escada de metal. Definitivamente é uma missão para poucos.

A trama encenada pela comissão tem como principal objetivo impactar. Não há sinais de alegria em nenhum momento da apresentação, e quem está com as aulas de história frescas na memória entenderá claramente o que será contado. Um navio negreiro levando africanos para o tal do novo mundo para servirem de escravos, onde muitos deles nem chegavam ao destino já que eram jogados ao mar ao menor sinal de fraqueza que demonstrassem. Uma passagem cruel e sombria da história da humanidade que certamente, dando tudo certo, fará da comissão de frente da Rosas de Ouro um momento histórico para o Carnaval de São Paulo.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

O desafio de Everson Sena e Isabel Casagrande para este último ensaio foi treinar utilizando as fantasias com as quais desfilaram no Carnaval de 2022, mas ao contrário do último desfile, a pista do Anhembi está agora com um estado de conservação muito pior. Somado ao vento, o desafio da dupla foi difícil e a sincronia em alguns momentos se mostrou irregular. Apesar disso, o pavilhão girou com valentia nas mãos de Isabel, e junto de Everson sempre foi exibido ao público com o respeito que a Rosas de Ouro merece.

Ao analisarem o próprio desempenho no ensaio, a dupla destacou a importância de ter a fantasia para fazer testes finais antes do desfile oficial. “Acho que foi muito bom. Deixamos para vir no último ensaio técnico de fantasia porque é realmente um ensaio muito importante. É o último antes do dia oficial. A gente fica muito feliz porque a Rosas de Ouro proporciona isso para a gente, de ter uma fantasia inteira e completa para conseguirmos trabalhar o nosso condicionamento físico na Avenida. Conseguimos desenvolver um bom trabalho dentro do que a gente vem ensaiando dentro desse período, desse trabalho, o que é muito bom”, avaliou Everson.

“Faço das minhas palavras as do Everson. Hoje foi o último treino, porque o jogo está chegando, mas no todo foi bom. Passamos de fantasia, e é bem diferente você passar. A gente falar que a roupa normal é biê, e passando com a fantasia conseguimos realmente ver as dificuldades para poder melhorar no dia. Mas no geral, foi bom sim. Foi bom e valeu”, declarou Isabel.

Ao citarem o que mais gostaram no ensaio, Isabel destacou a resistência da dupla, enquanto Everson exaltou a leveza e felicidade da comunidade da Roseira. “Acho que a resistência a tudo. O corpo já está moído. A fantasia não é uma fantasia leve, é uma fantasia pesada que veio machucando. Mas mesmo assim viemos, não deixamos a peteca cair, e chegamos no final. Fizemos tudo que tínhamos que fazer. Acho que ao todo foi muito bom, mas foi isso. A resistência”, disse a porta-bandeira.

Everson: “Acho que o clima estava bom, leve. Estava todo mundo muito feliz. Rosas de Ouro é isso, um povo feliz, um povo completo, e eu estou muito feliz por isso. Foi um desfile muito leve”, concluiu o mestre-sala.

Harmonia

O samba da Rosas de Ouro teve dificuldade em se destacar no coral da Roseira. Em praticamente todas as alas havia componentes que não pareciam animados em cantar, ou balbuciavam a letra com muita discrição. Falta pouco tempo, mas é um sinal amarelo a ser aceso para os ensaios de quadra que ainda ocorrerão até o dia do desfile oficial.

Curiosamente, a ala que parecia mais animada e cantava a plenos pulmões, foi justamente uma ala a qual a simples presença daquelas pessoas ali já são motivo de comemoração. A ala “Carnaval Acessível”, que vem quase no final, foi um show à parte, e precisa ser usada como exemplo para todo o restante da escola.

Evolução

O quesito tirou a Rosas de Ouro do desfile das campeãs no Carnaval 2022, e era para ter proporcionado lições a serem aplicadas para este ano. Porém, neste terceiro ensaio foi mais um ponto delicado. A Roseira veio grande, e entre os módulos três e quatro houve um descompasso muito grande no andamento da escola. Aceleradas, freadas, um anda e para agoniante que parece ter sido notado pela direção de harmonia, que foram vistos discutindo em dado momento. A escola correu um bocado no fim, e terminou o ensaio com 63 minutos.

O diretor de carnaval, Evandro Rosas, sabe que há elementos a serem ajustados, mesmo avaliando que a escola melhorou em relação aos outros ensaios. “A escola está em uma ascendente, vem melhorando, hoje foi muito bom. A escola estava com alegria, descontraída, cantando, teve uma boa evolução. Estamos chegando perto do que queremos, e buscamos mais um pouco para ficar melhor ainda. Mas acho que hoje fizemos um ensaio nota 8”, avaliou.

Em relação a melhorias percebidas, Evandro sentiu a escola mais leve na última passagem nesta temporada de ensaios técnicos. “Justamente a parte da evolução, a escola está mais solta, alegre, evoluindo de uma forma mais feliz, nas outras achei o pessoal mais tenso, então estava mais Rosas de Ouro hoje”, declarou.

Questionado sobre o que mais gostou no ensaio, o diretor disse: “Para mim, essa alegria, e o canto da escola”, concluiu.

Samba-Enredo

É inegável que o samba que tem todo o carinho da comunidade da Rosas de Ouro, mas após três ensaios técnicos a sensação que fica é a de que é possível entender o motivo dele ter sido preterido na disputa de 2005. É uma obra de letra pesada, mas que ao momento não possui nenhum momento muito vigoroso, que sirva como estopim para incendiar a comunidade. É belo, mas parece pouco funcional, e isso ficou evidente na harmonia da escola. Sendo analisado como quesito propriamente dito, o samba cumpre bem a proposta do enredo, de fazer as pessoas refletirem a respeito do que o próprio título do enredo prega.

Novo reforço da temporada para fazer dupla com o consagrado Royce do Cavaco, o intérprete Hudson Luiz analisou o desempenho do quesito neste ensaio. “O time de canto eu posso dizer que é um “dream team”, um time dos sonhos. Só temos maestros nas cordas. Cantando, só cantores “Camisa 10”, de primeira qualidade. Graças a Deus, fizemos um belíssimo trabalho. O desenho das cordas sobressaíram muito bem. As terças que foram feitas. Todos os desenhos de canto com a bateria aconteceram. O desempenho para mim digo que foi nota dez, e para o desfile com certeza a gente vai manter esse pique, essa energia, que trouxemos hoje para esse último ensaio técnico”, declarou.

Em relação a melhoras percebidas, Hudson reforçou a importância dos ensaios técnicos. “Tivemos bastante evolução. Na verdade, ensaios técnicos são para isso, para a gente assimilar se teve erro ou não, e onde pode melhorar. E a escola, graças a Deus, melhorou muito na questão a Harmonia, na questão do canto. Se hoje fosse desfile, eu diria que foi impecável. Toda a escola funcionou como uma engrenagem de fato, que é necessária para poder a escola brigar pelo título que está engasgado na garganta faz muitos anos”, afirmou.

Ao se referir ao que mais gostou neste último ensaio, Hudson garante que a Rosas de Ouro surpreenderá no Carnaval 2023. “Acho que a energia. A escola está muito motivada. Temos feito ensaios de canto que tem acontecido muito, e acho que o nosso canto evoluiu bastante. A escola está muito bonita, mas muito bonita de verdade, eu vi no barracão. A escola está muito motivada, até pela questão de ser um samba que muitos na época gostariam que viesse para a Avenida. Esperem a Rosas de Ouro, que vocês se surpreenderão positivamente”, concluiu.

Outros destaques

A bateria “Com Identidade”, liderada pelo vencedor do Estrela do Carnaval de 2022, mestre Rafa, parece ser a fonte do gás que o samba precisa para enfim incendiar na Avenida. Jovem e ousado, o líder dos ritmistas da Roseira não se intimida na hora de aplicar várias bossas diferentes e em sequência, o que faz da sua bateria um espetáculo sem igual. O mestre está muito satisfeito com o desempenho deus comandados e demonstrou otimismo ao analisar o ensaio.

“Foi espetacular. Quem treina e estuda, vence. No primeiro a gente passou legal, no segundo falamos que iriamos melhorar mais um pouco e agora entregamos como se fosse o dia. Se fosse o dia a gente vai com certeza alcançar um ótimo resultado. As nossas bossas são muito grandes e às vezes eu termino uma e já está chegando outra entrada, Já tenho que fazer outra sequência O risco que fica muito amostra, mas a gente vai fazer isso ou mais. Todas as passagens que a gente puder fazer bossa nós vamos fazer e acabou. Tem que atingir o jurado, campo de visão e tudo mais. Nosso povo está preparado para a guerra”, afirmou Rafa.

A Rosas de Ouro trará para o Carnaval de 2023 um enredo de temática importante e que ainda demonstra ser bastante atual, mas a sensação que fica é de que “Kindala” se apegou à nostalgia de um samba clássico. A torcida fica para que as palavras de Hudson Luiz se tornem profecia, e que a Rosas de Ouro surpreenda e faça um grande espetáculo na Avenida no dia 17.

Colaboraram Gustavo Lima e Fábio Martins





Via R7.com

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