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Brooke Shields, de ‘Lagoa Azul’, sexualizada nas telas desde os 11, revela estupro


Em documentário exibido no Festival de Sundance, atriz conta como sexo e violência fizeram parte da sua carreira

Fernanda Ezabella

A atriz Brooke Shields, considerada a cara dos anos 1980, destila todos os traumas que colecionou ao longo da vida ao ter sua infância altamente sexualizada em comerciais e filmes de arte, incluindo um estupro aos 22 anos, em um novo documentário exibido neste final de semana no Festival Sundance.

Em mais de duas horas de filme, a atriz de “A Lagoa Azul”, de 1980, transforma sua vida glamorosa num pesadelo, em que sua beleza agia como uma maldição manipulada pela indústria, homens brancos e sua mãe, Teri Shields, uma mulher controladora e alcoólatra.

“Pretty Baby: Brooke Shields”, dirigido por Lana Wilson -mesma diretora do documentário sobre Taylor Swift, “Miss Americana”-, resgata os comerciais que Shields fez ainda quando bebê, de pasta de dente a amaciante, e chega até os anos 2000, quando Shields se lança como a voz pela luta contra depressão pós-parto.

O filme ressoa o documentário “The Most Beautiful Boy in the World”, exibido em Sundance em 2021, sobre o ator sueco Björn Andrésen, o Tadzio de “Morte em Veneza”, clássico de Luchino Visconti, de 1971. Transformado em objeto sexual aos 15 anos, Andrésen reconta seus percalços com a fama, mas numa vida de muito menos luxo e holofotes que a da americana.

“Pretty Baby” vem do primeiro filme de sucesso de Shields, “Menina Bonita”, de 1978, do diretor francês Louis Malle. Aos 11 anos, ela faz uma prostituta na Nova Orleans de 1917. Em frente às câmeras, dá seu primeiro beijo. A cena foi refeita várias vezes porque Malle reclamava da cara de afliação que Shields fazia ao beijar Keith Carradine, que então tinha 29 anos.

Na estreia no Festival de Cannes, Malle foi celebrado pela direção, enquanto a mãe de Shields foi crucificada. Já Shields deixou de ser uma mera modelo mirim para ser alçada a atriz e símbolo sexual. Seus próximos filmes continuaram no jogo da sexualidade, como “Lagoa Azul”, onde dois pré-adolescentes são abandonados numa ilha deserta.


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Já em “Amor sem Fim”, de 1981, do italiano Franco Zeffirelli, Shields reconta uma de suas piores experiências num set de filmagens, numa cena em que sua personagem perde a virgindade -o diretor torcia o pé da atriz para que ela fizesse caras e bocas de êxtase.

“Eu me fechei depois disso”, diz Shields, no documentário. “Eu aprendi a me desassociar do meu corpo.”

Sua mãe morreu em 2012 e aparece no documentário em diversas entrevistas antigas, uma delas concordando que usava a sexualidade da filha pequena, mas não apenas isso. A filha defende a mãe sempre -“nós usamos o sistema para melhorar de vida”, diz-, até os problemas com o álcool passarem dos limites.

Tentando fugir da maldição de ser só um rostinho bonito, Shields deixou a carreira de atriz para ir à faculdade nos anos 1980, e não a qualquer univerdade. Ela entra em Princeton, uma das escolas mais prestigiosas do mundo, para estudar literatura francesa, dizendo que estava enfim tomando rumo da própria vida.


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Porém, quatro anos depois, ao sair da faculdade, ela volta sedenta a Hollywood -e Hollywood já não a deseja como antes. Desesperada atrás de trabalho, ela vai a um jantar com um produtor que parece interessado em a escalar para seu próximo filme, mas a noite termina em desastre.

Pela primeira vez, a atriz com hoje 57 anos fala publicamente do estupro. Ela não revela o nome do produtor, mas conta que subiu ao seu quarto de hotel para pedir um táxi, e ele saiu pelado do banheiro e a agarrou. “Nós lutamos. Pensei que meu ‘não’ fosse suficiente”, ela diz. “Não lutei muito. Eu absolutamente congelei.”

Entre os entrevistados, estão seu amigo e segurança Gavin de Becker, para quem ela ligou após o estupro, e sua amiga e atriz Laura Linney, que estudou na mesma escola e presenciou os surtos alcoólatras de sua mãe.


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Seu primeiro marido, o ex-tenista Andre Agassi, é retratado como um controlador e ciumento. Ele não aparece para dar suas versões dos fatos, mas escreveu sobre o casamento em sua autobiografia, “Agassi: Uma Autobiografia”, de 2009. Suas críticas ao estilo egoísta de Shields, no entanto, certamente não caberiam na linha do documentário.



Via R7.com

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