O carnaval da Série Ouro do Rio de Janeiro vai viajar no tempo, com destino à década de 1920, no meio da floresta amazônica, mais especificamente à cidade industrial de Fordlândia.
A viagem ao longo da Marquês de Sapucaí será conduzida pela Escola de Samba Unidos do Porto da Pedra, que voltará ao ano de 1927.
Foi nessa época em que o americano Henry Ford, que revolucionou a indústria automobilística e as formas de produção, comprou terras no vale do Rio Tapajós, no Pará. O objetivo era produzir a própria borracha para os pneus dos automóveis da fabricante Ford.
E assim surgiu, no coração da Amazônia, a cidade Fordlândia, com tamanho equivalente a sete vezes o estado de São Paulo. Durante as atividades da montadora, milhares de hectares da floresta foram desmatados para permitir o plantio das seringueiras.
No fim, a floresta se revoltou contra a devastação e o plantio desenfreado das seringueiras, e colocou em ação uma praga agrícola – que se espalhou, pondo fim ao projeto de Henry Ford 18 anos após seu início.
Esta é a história que a escola de São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, vai contar com o enredo “A História que a Borracha do Tempo Não Apagou”.
O responsável pelo enredo é o carnavalesco Mauro Quintaes, que assina seu sétimo desfile pela agremiação. De acordo com ele, a escolha do tema tem a missão de contar uma história que não deve ser esquecida.
“Se a cada ano a gente puder plantar uma sementinha de cultura e conhecimento pra cada observador que está na arquibancada, para a gente é muito gratificante”.
Para o pesquisador do enredo, Diego Araújo, é muito importante levantar na avenida a voz do povo originário Munduruku, que vive justamente na região próxima à Fordlândia. E essa voz, em forma de resistência, estará no centro do desfile.
“A gente constrói o enredo utilizando o fio condutor da voz dos mundurukus, que representa a voz da Amazônia. E a Porto da Pedra vai dar voz à ancestralidade indígena, esse poder que a floresta tem pra dizer: não nos invadam, nos respeitem, nós estamos aqui, nossa vozes precisam ser ouvidas. A Amazônia se mantém de pé por essa luta que a Porto da Pedra vai dar vez e voz em 2025”.
A Unidos do Porto da Pedra será a quinta escola a entrar no Sambódromo no sábado de carnaval, dia primeiro de março. Desde que o carnavalesco Mauro Quintaes retornou à escola, em 2023, ele garantiu a vitória logo de cara, retomando a sua vaga no Grupo Especial. Mas em 2024, a agremiação foi novamente rebaixada à Série Ouro.
*Com supervisão de Tâmara Freire