O Litoral paranaense possui um perfil de produção agropecuária distinto do restante do Estado. A região é formada em aproximadamente 90% por área de preservação que envolve floresta, restinga e mangue. Sobram apenas 10% para o plantio. Devido a essas restrições, o IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná) incentiva o desenvolvimento de atividades que permitem maior rentabilidade em pequenas áreas, como é o caso da produção de frutas, hortaliças e palmáceas.

O produtor Edgard Tenorio Cavalcanti, de Paranaguá, é um exemplo de como extrair o sustento das atividades agrícolas com sustentabilidade, ou seja, respeitando e preservando o meio ambiente. Em sua propriedade de 2,5 hectares, localizada na Colônia Santa Cruz, Cavalcanti trabalha com mais de 70 espécies entre elas lichia, acerola, maracujá, banana, açaí, palmito Jussara, pitaya, laranja, temperos, folhosas, abacaxi, feijão, arroz, mandioca, cacau, café.

O cultivo é todo realizado dentro de manejo agroecológico. Caixas de abelhas nativas foram espalhadas pela propriedade para polinização e produção de mel destinado ao consumo da família e venda. “Todo o consumo da minha família vem da nossa produção. E a nossa renda também, com a venda de alimentos e de mudas que fazemos”, afirma o produtor.

Cavalcanti recebe assistência do IDR-Paraná há décadas, e afirma que a orientação que vem do extensionista Leoclides Lazzarotto, profissional do Instituto, o ajudou a alcançar qualidade de vida e sustento, com a oferta de produtos saudáveis. O extensionista assessora o produtor, principalmente, no manejo orgânico das culturas, formação de lavouras, práticas agroecológicas, sustentabilidade, acesso ao crédito rural, segurança alimentar e nutricional da família, comercialização.

A venda da produção obtida por Cavalcanti é toda feita de forma virtual, o que mostra uma visão atualizada do produtor. “Os clientes são fiéis. Eles fazem encomendas pelo WhatsApp, marcamos dia e hora para vir buscar. Nem frete eu faço. Tudo que eu produzo aqui na propriedade eu vendo, nada se perde”, conta Cavalcanti.

Segundo Lazarotto, a maioria dos agricultores do Litoral pode se beneficiar do sistema de agroecologia. “Com as condições de clima e solo do Litoral, nossos produtores podem trabalhar o sistema, prezando pela conservação ambiental com obtenção de renda. O trabalho exige recuperação do solo, manejo adequado e seleção de espécies que se adaptam à região”, explica ele.

Outro ponto que pode expandir o sistema e beneficiar os produtores é o incentivo à pesquisa para qualificar o sistema de agrofloresta. “Precisamos que a pesquisa crie uma matriz tecnológica do sistema de agrofloresta, para facilitar as condições dos produtores na implantação com sustentabilidade e renda”, afirma Leoclides.

AO LONGO TEMPO – Este é um dos casos que provam que as atividades produtivas no Litoral podem seguir dentro dos preceitos da sustentabilidade, de forma a garantir o sustento dos produtores rurais ao longo do tempo.

Lazarotto lembra que uma agricultura sustentável, com geração de renda e conservação ambiental, contribui para o alcance de três dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) propostos pela Organização das Nações Unidas: “Erradicação da pobreza”, “Fome zero e agricultura sustentável” e “Proteger, restaurar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres”.

REGIÃO – O setor da pesca e agricultura, incluindo aí também a produção animal, são desenvolvidos por pescadores artesanais e pequenos produtores rurais, envolvendo um número grande de famílias. Por isso, tem forte impacto na economia regional. As principais atividades agropecuárias do Litoral são o pescado e a produção de palmito, frutas e hortaliças. Como principal atividade, a pesca é responsável por quase 50% do Valor Bruto da Produção (VBP) regional.

O cultivo de banana também é forte e representa mais do que a metade do total produzido no Estado, dando créditos especiais ao município de Guaratuba. A região também produz hortaliças, arroz, e outras frutas, segundo informações da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, por meio do Departamento de Economia Rural (Deral).

A mandioca também é importante regionalmente, pois garante o sustento de muitas famílias que exploram esta cultura para venda in natura (aipim de mesa), descascada e embalada, e também para fabricação artesanal de farinha, reconhecida por sua qualidade.

A produção em sistemas de agrofloresta cria oportunidade para grande parte dos produtores da região, que têm suas terras em áreas de preservação. As melhores opções de cultivo, segundo Leoclides, são as hortaliças, frutas e palmáceas, especialmente em manejo agroecológico.



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