Nos últimos anos, o Governo do Paraná consolidou o uso da Inteligência Artificial (IA) nas mais de duas mil escolas que compõem a rede estadual de ensino. A medida, que coloca o Estado na vanguarda nacional nesta inovação, se mostra alinhada a uma tendência global nos processos educacionais com o recente anúncio do Governo da China de que tornará o aprendizado de IA obrigatório a partir do segundo semestre de 2025 no país.
Atualmente, mais de 500 mil estudantes paranaenses dos últimos anos do ensino fundamental e do ensino médio já utilizam diferentes ferramentas com esta tecnologia em sala de aula para facilitar o processo de aprendizagem. Entre as funcionalidades que já contam com o auxílio da IA, estão o ensino de disciplinas como matemática e inglês, assim como aplicativos que na ajudam na elaboração e correção de redações dos alunos.
Segundo o governador Carlos Massa Ratinho Junior, a implantação da IA no currículo educacional, tanto para os estudantes quanto para os professores, faz parte de uma estratégia mais ampla do Governo do Estado que busca utilizar tecnologias inovadoras para manter o Paraná no topo do ranking do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Ele apresentou esse panorama no Encontro Anual Educação Já, promovido pela ONG Todos pela Educação, na semana passada.
“Essas ferramentas tecnológicas melhoram à medida que são utilizadas. Ninguém substitui o professor, que é peça-chave para uma boa educação, mas essa tecnologia dá mais ferramentas para que ele possa atuar cada vez melhor naquilo que já faz em sala de aula, facilitando o seu trabalho”, afirmou.
“Um exemplo é o caso de uma professora que levava em média cinco minutos para corrigir uma redação e que, com a inteligência artificial, em nove segundos já terá todo o resultado, inclusive com uma análise, dizendo o que o estudante pode melhorar, o que acertou ou não no texto”, ressaltou.
FERRAMENTAS – No Paraná, os estudantes contam com aulas de programação e linguagem de Tecnologia da Informação (TI) por meio da plataforma Luri, que usa IA para auxiliar o processo de aprendizagem. Esta IA tem como principal qualidade uma compreensão mais aprofundada dos códigos de programação, com feedbacks automáticos aos alunos.
Outra novidade que está em uso desde o ano passado é a ferramenta Khanmigo incorporada ao ensino da matemática nas escolas da rede para alunos do 9º ano do ensino fundamental. Ela foi desenvolvida para enriquecer o processo educacional, funcionando como um ‘tutor digital’ na resolução de exercícios matemáticos e apresentando aos alunos a desafios cada vez maiores conforme eles progridem.
Outras soluções devem ser implementadas ao longo de 2025. Uma delas é o Inglês Paraná Teens, focada em estudantes do 6º, 7º e 8º ano do Ensino Fundamental. Ela usa uma IA interativa chamada Mimi, que é programada para dar suporte aos alunos por voz e chat para melhorar os níveis de escrita e conversação em inglês.
Lançada em março deste ano, a plataforma digital Enem Paraná vai auxiliar na preparação para o Enem e vestibulares em geral. Nela, os alunos têm acesso a questionários, videoaulas, podcasts e simulados que abrangem todos os conteúdos de provas anteriores e dos principais vestibulares e atendem a diferentes estilos de aprendizagem.
PARCERIA COM A GOOGLE – Em parceria com a Google, o Governo do Estado também está usando a IA também para o aperfeiçoamento da redação, proporcionando feedbacks automatizados e o aprimoramento das habilidades de escrita. Cerca de 120 mil estudantes do 3º ano do ensino médio vão ser beneficiados pela plataforma, em um momento em que muitos deles prestam vestibular e o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que demanda habilidades de escrita para uma boa nota.
“Hoje o Paraná já produz seis milhões de redações por ano. A Inteligência Artificial vai ajudar os professores na correção, ou seja, o tempo que ele tinha que ler um monte de redações, agora a própria inteligência artificial faz isso de forma muito rápida”, explicou o secretário estadual da Educação, Roni Miranda.
O Paraná também testa, em parceria com a multinacional norte-americana, a Plataforma LIA, focada em melhorar a capacidade de leitura de crianças do 2º ano do ensino fundamental da rede municipal, será disponibilizada para 130 mil alunos. O objetivo, segundo Miranda, é aumentar a proficiência dos alunos com a língua portuguesa.
“O Paraná já tem o segundo maior indicador em fluência do Brasil, praticamente 80% das crianças que concluem o segundo ano saem alfabetizadas, lendo, e agora, com essa ferramenta, será um grande apoio para as redes municipais”, complementou o secretário da Educação.