segunda-feira, junho 9, 2025
spot_img
InícioEducaçãoDa escola ao estágio: jovens ganham autonomia com programa de empregabilidade

Da escola ao estágio: jovens ganham autonomia com programa de empregabilidade


Trabalhar desde cedo para projetar um futuro grandioso. Aos 17 anos, Laura Goes Casteleins, de Curitiba, sabe que esse é o caminho. Estudante do terceiro ano do ensino médio do Colégio Estadual Paulo Leminski, ela comemora ter conseguido estágio em uma transportadora de medicamentos durante o período de estudos, onde cuida do arquivamento de comprovantes de entrega. Ela é uma das beneficiadas do Conexão Empregabilidade, programa da Secretaria de Estado de Educação que facilita acesso de alunos ao mercado de trabalho.

“Eu queria ter liberdade financeira, não depender dos meus pais. Estou guardando dinheiro para a formatura, para o meu carro e para a faculdade”, conta. Para a mãe dela, Geovana Casteleins, o impacto do estágio vai além do bolso. “Quando surgiu a oportunidade de ela sair da sala de apoio e ir pro mercado de trabalho, abriu um novo horizonte. Ela é outra pessoa”, diz.

O programa Conexão Empregabilidade é voltado a estudantes da rede pública a partir de 16 anos. Os alunos podem estagiar enquanto tiverem vínculo com a rede estadual, e recebem salários compatíveis com os empregos. A expectativa é formar uma nova geração mais qualificada e com acesso às tecnologias e ao dia a dia para encarar um mercado de trabalho cada vez mais desafiador.

O estudante Luiz Nascimento Melo, de 17 anos, também de Curitiba, conseguiu estágio em uma empresa de convênios médicos. Ele auxilia os profissionais da área mercadológica fazendo gráficos, analisando sistemas e observando a concorrência, colocando em prática inclusive aprendizados adquiridos com ferramentas utilizadas em sala de aula. “Mais do que o salário, eu queria uma oportunidade para ter uma experiência de trabalho, entender como funciona ter um emprego”, diz. “E está sendo bem importante nesse momento”.

Lançado em 2023 como projeto-piloto, a política pública aposta na parceria entre escolas, empresas e instituições qualificadoras, que aproximam a formação escolar com as demandas do mercado de trabalho. O Conexão Empregabilidade opera em parceria com empresas e instituições de interesse público, como o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Paraná) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), na capacitação dos estudantes, na abertura de oportunidades de trabalho e na divulgação das vagas.

Além da ponte com empresas, promove ainda a capacitação profissional, com oficinas de currículo e preparação para entrevistas, tudo com o objetivo de desenvolver competências essenciais como comunicação, trabalho em equipe e resolução de problemas.  As experiências de estágio e em programas de aprendizagem são importantes para reduzir a evasão escolar, aumentar a qualificação profissional dos estudantes, fomentar a empregabilidade, reduzir o subemprego e melhorar a renda familiar.

VOCAÇÃO – Para Emily Rosentaski, de 17 anos, o estágio é uma forma de confirmar uma vocação antiga. Estudante do curso técnico de Formação de Docentes Integrado (FDI), ela trabalha em uma escola de educação infantil e se prepara para cursar ensino superior em Pedagogia. “Desde os cinco anos de idade eu brincava de professora. Agora eu tenho certeza de que quero seguir nisso. O estágio me mostrou que estou no caminho certo”, diz.

Antes de conseguir a vaga de estágio, a jovem participou do Ganhando o Mundo – maior programa de intercâmbio das redes estaduais de ensino do Brasil. Ela viajou para o Canadá para passar um semestre letivo, o que também ajudou a expandir horizontes. Para ela, a oportunidade de morar fora do Brasil ajudou na vaga de estágio. “Eu aprendi muita coisa lá. Uma delas foi a ser mais responsável, que é algo muito importante no mercado de trabalho”, afirma.

Erick Gonçalves de Oliveira, também de 17, chegou a Curitiba há dois anos, vindo de Minas Gerais para morar com a mãe. Hoje, é jovem aprendiz no setor financeiro de uma empresa, concilia o trabalho de quatro horas diárias com os estudos no Colégio Estadual Paulo Leminski, além de ajudar a mãe financeiramente dentro de casa.

“Achei que nem ia passar na entrevista. Agora, com o dinheiro que ganho no estágio, consigo ajudar minha família e também crescer pessoal e profissionalmente”, diz. Para o futuro, está entre Economia e Engenharia Civil. “Quero seguir no mundo corporativo.”

Para Nick Martins, também estudante do Colégio Estadual Paulo Leminski, o estágio tem permitido mais do que aprender tarefas administrativas em uma empresa de consórcio. Aos 16 anos ela ajuda os avós em casa e, com o próprio dinheiro, banca um hobby exigente: os livros.

“Gosto de escrever poesia, textos de ficção fantástica com novos mundos e línguas. Também gosto de escrever poesia. A minha diretora vai me ajudar a publicar um livro”, conta. Depois do ensino médio, quer fazer Letras e trabalhar com edição. “Trabalhar cedo dá responsabilidade e liberdade. E ler é caro”, brinca.

ENSINO PROFISSIONALIZANTE – O programa se soma a uma série de iniciativas que a Secretaria de Educação tem desenvolvido visando a preparação de jovens para o mundo do trabalho. Exemplo disso, é o crescimento da Educação Profissional e Técnica (EPT) da rede de ensino paranaense. Ao longo dos últimos anos, o Estado saiu de 10,4 mil alunos para mais de 120 mil estudantes matriculados em cursos técnicos.

Também houve uma atualização das matrizes e planos dos cursos técnicos integrados ao ensino médio. A revisão envolveu a participação do setor produtivo, especialistas e coordenadores, com foco em adaptar os cursos às demandas do mercado de trabalho, elevando as chances de empregabilidade dos estudantes. Na ocasião, 20 cursos técnicos foram atualizados.

Com o objetivo de fortalecer a qualidade do ensino em todas as regiões do Estado, a Secretaria da Educação investiu no desenvolvimento e na implementação de materiais didáticos digitais. A estratégia envolveu a criação de conteúdos digitais adaptáveis, alinhados aos novos planos de curso, que garantem a uniformidade no ensino, independentemente da localidade da escola, desde a Capital até municípios menores.



Via AEN Pr

RELATED ARTICLES

Most Popular

Recent Comments