O Paraná reafirmou sua liderança nacional em educação ao participar do Summit Paraná que Educa, evento promovido pela Gazeta do Povo em Curitiba nesta terça-feira (10). Cláudia Costin, fundadora e diretora do Centro de Políticas Educacionais da Fundação Getúlio Vargas, cofundadora do movimento Todos Pela Educação e professora visitante da Faculdade de Educação da Universidade de Harvard, elencou as boas práticas que colocam o Paraná como uma referência nacional.
“Acompanho a educação do Paraná por alguns anos e acho que o Estado está à frente com muitas iniciativas que podem ser exemplos. Uma delas é a ideia de ter diretores e professores formadores, quando há troca de conhecimentos entre colegas. A outra iniciativa é o avanço em direção ao ensino em tempo integral. Nenhum país que tem um bom sistema educacional tem apenas quatro horas de aula no ensino fundamental e cinco no ensino médio. O Paraná está apontando uma direção, neste sentido”, disse.
Segundo a especialista, hoje há uma baixa atratividade na profissão de professor. “Mas a educação integral pode mudar isso, pois torna a carreira muito mais atrativa”, refletiu.
Claudia mencionou ainda a adoção de tecnologia e Inteligência Artificial nas salas de aula, as atividades de programação e educação financeira, bem como a oferta de três refeições diárias em todos os colégios estaduais e ampliação de cursos técnicos e profissionais. Ela ainda elogiou o Parceiro da Escola, fruto de organização similar a adotada em outros países, principalmente da Europa, e reforçou que a oferta de diferentes modelos é uma das qualidades do ensino público.
Sobre os pontos destacados pela especialista, o secretário da Educação, Roni Miranda, que participou de um dos painéis do evento, detalhou a iniciativa de transformar diretores em mentores. “Selecionamos os 200 diretores cujas escolas têm os melhores resultados e hoje eles dão mentoria para outros dez diretores cada um, com reuniões semanais. A partir disso, eles discutem soluções a partir de indicadores que a Secretaria acompanha diariamente”, explicou.
Roni ressaltou o desempenho do Paraná no Ideb, consolidando o estado como líder em todas as etapas avaliadas – Ensino Médio e Fundamental. Com a nota 4,9 no Ensino Médio, o Paraná superou a média nacional de 4,3. Nos anos finais do Ensino Fundamental, obteve 5,5, empatando no topo com Ceará e Goiás, enquanto nos anos iniciais liderou com 6,7.
O avanço, segundo ele, está diretamente ligado à ampliação de escolas em tempo integral por meio do programa Paraná Integral, que, em 2023, já alcançava 412 unidades. “O modelo de ensino integral trouxe resultados expressivos e mais oportunidades aos estudantes, reduzindo desigualdades e aproximando o ensino público do privado”, destacou o secretário.
Outro destaque foi o salto na educação profissional: de 14 mil estudantes em 2019 para 112 mil em 2024. Atualmente, 32% dos alunos do Ensino Médio estão matriculados em cursos técnicos – o triplo da média nacional. Essa iniciativa também contribuiu para a empregabilidade, com quase 30 mil estudantes inseridos no mercado de trabalho somente em 2024.
“Pensamos nesses cursos chamando profissionais do mercado para entender o que o mundo do trabalho precisa de um profissional, para pensar em um currículo que vai fazer a diferença na vida do estudante quando ele terminar o curso”, explicou o secretário.
TECNOLOGIA – No segundo painel, os diretores da Seed, Anderfábio dos Santos (diretor de Educação) e Cláudio Oliveira (diretor de Tecnologia e Inovação) discutiram como o Paraná tem transformado suas escolas em um polo de tecnologia e inovação.
Desde 2021, a Secretaria distribuiu quase 20 mil kits de robótica, formados por 383 componentes e um computador, impactando mais de 160 mil alunos. Com o programa Programação Paraná, o Estado é pioneiro na inclusão da BNCC da Computação no currículo. “Nós temos hoje mais de 530 mil estudantes cursando trilhas de programação na rede pública de ensino. A nossa intenção é desenvolver essas habilidades para que os nossos jovens possam futuramente atuar na área de tecnologia”, explicou Anderfábio.
Segundo o diretor de Tecnologia, hoje são 1.600 turmas de robótica no Estado. “O diferencial é que criamos um material didático, com aulas, apostilas, slides, à disposição não apenas dos professores estaduais, via plataforma específica, como também por professores de outras redes e municípios”, disse Oliveira.
Os debates também abordaram as oportunidades que a tecnologia proporciona. Para 2025, a Seed planeja oferecer cursos de Inteligência Artificial, Ciência de Dados e o ensino de novas linguagens, como Python. A integração entre programação e robótica está no centro dessa estratégia, garantindo aos alunos um aprendizado prático e conectado com o futuro do trabalho.
ALIMENTAÇÃO – A política estadual de alimentação escolar saudável foi outro ponto de destaque nos painéis. As escolas estaduais oferecem três refeições por período, priorizando produtos da agricultura familiar, orgânicos e com proteína servidas todos os dias.