O Governo do Paraná destinou em 2024, R$ 581,6 milhões para ações, programas e projetos estratégicos da área de ciência, tecnologia e inovação. O valor foi apresentado por secretários estaduais, nesta quarta-feira (12), durante a reunião anual do Conselho Paranaense de Ciência e Tecnologia. A reunião foi coordenada pelo secretário da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Aldo Bona, com participação de representantes de todas as instituições envolvidas nesta área.
Os recursos são do Fundo Paraná, uma dotação instituída pela Constituição Estadual, composta anualmente por 2% da receita tributária estadual e gerida pela Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti).
Do total de recursos aplicados no ano passado, R$ 368 milhões foram destinados para 785 projetos em áreas definidas como estratégicas pelo conselho, como agricultura e agronegócios, biotecnologia e saúde, energias renováveis, cidades inteligentes, educação e economia, transformação digital e desenvolvimento sustentável.
Além da Seti, esses projetos foram desenvolvidos pelo Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR Paraná) e o Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes).
O restante dos recursos, R$ 213,6 milhões, foi aplicado em ações da Secretaria da Inovação, Modernização e Transformação Digital (SEI) e da Fundação Araucária de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico.
Segundo o relatório elaborado pela Unidade Executiva do Fundo Paraná (UEF), dos 785 projetos apoiados no ano passado, 385 foram propostos em 2024. As outras 360 ações são referentes a valores contratados em anos anteriores, cujos projetos ainda estavam em execução.
As áreas de agricultura e agronegócios e de biotecnologia e saúde, por exemplo, somam 210 projetos, com um montante que corresponde a R$ 116,3 milhões das aplicações. Desse total, 102 operações são específicas de 2024.
PIONEIRO – Para o secretário estadual da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Aldo Nelson Bona, o investimento de R$ 581,6 milhões reforça o compromisso do Paraná em ser um estado pioneiro na promoção da ciência, tecnologia e inovação como pilares do desenvolvimento sustentável e da competitividade econômica.
“Esses recursos impulsionam projetos estratégicos e fortalecem a nossa capacidade de transformar conhecimento em soluções concretas para os desafios da sociedade, gerando emprego, renda e qualidade de vida para os paranaenses”, afirma.
Ele destaca que a aplicação dos recursos públicos em áreas como agricultura, biotecnologia, energias renováveis e cidades inteligentes demonstra uma visão de futuro alinhada às demandas globais e às vocações locais. “Estamos construindo um ecossistema de inovação que posiciona o Paraná como referência nacional e internacional em pesquisa e desenvolvimento tecnológico”, completa o gestor.
No ano passado, conforme dados da Secretaria de Estado da Fazenda (Sefa), o Paraná cumpriu o limite constitucional em ciência e tecnologia, considerando as despesas empenhadas em ações e serviços públicos para o segmento. De acordo com a Constituição Federal, esse limite representa um valor mínimo que os governos estaduais devem aplicar em áreas avaliadas como fundamentais, a exemplo de educação, saúde e ciência e tecnologia.
A dotação do Fundo Paraná prevista para 2025 é R$ 534,5 milhões, de acordo com a Lei Orçamentária Anual (LOA), com possibilidade de suplementação orçamentária ao longo do ano, a depender da arrecadação estadual.
DISTRIBUIÇÃO ORÇAMENTÁRIA – Conforme a legislação vigente, a distribuição dos recursos do Fundo Paraná de fomento científico e tecnológico contempla diferentes instituições do Estado. Entre as iniciativas financiadas em 2024, R$ 272,5 milhões foram aplicados em projetos coordenados pela Seti.
A Fundação Araucária e o Tecpar, instituições vinculadas à Seti, aplicaram, respectivamente, R$ 131,9 milhões e R$ 42,6 milhões em desenvolvimento de projetos voltados para a pesquisa e inovação.
Parte desses recursos financiou projetos estratégicos do governo estadual, como a implantação do anel de conectividade e da rede de supercomputadores (HPC, sigla em inglês para computação de alto desempenho), a fim de acelerar os resultados de pesquisas científicas em diferentes áreas do conhecimento.
Outra ação é a construção do novo planetário do Parque da Ciência Newton Freire Maia, na Região Metropolitana de Curitiba, que será referência nacional em educação, inovação, divulgação científica e turismo cultural.
O IDR, vinculado à Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab), destinou R$ 39,3 milhões para ações focadas no desenvolvimento rural e na inovação agrícola.
Já o Ipardes, vinculado à Secretaria do Planejamento, direcionou R$ 13,4 milhões para iniciativas de desenvolvimento econômico sustentável.
2025 – A coordenadora da Unidade Executiva do Fundo Paraná, Erika Juliana Dmitruk, destaca a criação de grupos de trabalho para otimizar a gestão do Fundo Paraná e o fortalecimento de parcerias institucionais. “Para 2025, nosso foco será a modernização e transformação digital da unidade executiva do Fundo Paraná, o avanço nos sistemas de gestão de dados e uma parceria estratégica para aprimorar a comunicação das ações financiadas com recursos do Fundo Paraná”, sinaliza.
CONSELHO – O Conselho Paranaense de Ciência e Tecnologia atua na formulação e implementação de políticas públicas de desenvolvimento científico e tecnológico, que compõem os planos do Governo do Paraná para o desenvolvimento econômico e social.
Além de representantes governamentais, o Conselho Paranaense de Ciência e Tecnologia reúne representantes da comunidade científica, da comunidade tecnológica e de inovação, da sociedade civil e do setor produtivo empresarial.
O colegiado é responsável por propor, avaliar, auditar e estabelecer diretrizes para a aplicação dos recursos do Fundo Paraná, promover cooperações e analisar projetos e propostas ligados ao desenvolvimento científico e tecnológico em nível estadual e estratégico.
INOVAÇÃO E EDUCAÇÃO – A SEI destinou R$ 72,7 milhões para impulsionar ações em áreas estratégicas de transformação digital. O secretário estadual da Inovação, Modernização e Transformação Digital do Paraná, Alex Canziani, destaca os principais programas desenvolvidos em 2024 e as expectativas para 2025.
“Nosso compromisso é mostrar que, independentemente do tamanho da cidade, é possível inovar e desenvolver a economia com o apoio da ciência e tecnologia”, explica.
Entre os pilares dos investimentos está o empreendedorismo criativo e a educação tecnológica. O programa Paraná Anjo Inovador é uma das principais ações de incentivo à inovação, com até R$ 250 mil em subvenção econômica para startups desenvolverem soluções em áreas como saúde, educação, cidades inteligentes e sustentabilidade.
Em 2024, um edital no valor de R$ 20 milhões selecionou 80 startups entre as 545 propostas.
O impacto da iniciativa pode ser observado na distribuição das startups aprovadas, que abrange 15 municípios de diferentes regiões do Estado. Curitiba lidera com 41 startups selecionadas, seguida por Maringá, Toledo, Ponta Grossa e Cascavel.
Outras cidades menores como Dois Vizinhos, São Mateus do Sul e Arapongas também tem startups aprovadas no programa, fortalecendo o ecossistema de inovação em diversas localidades.
Já o Talento Tech, voltado para estudantes da rede pública do ensino médio e ensino superior paranaense, busca formar novos profissionais na área de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), priorizando os municípios de acordo com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
Participam da ação, além das secretarias da Ciência e Tecnologia, da Inova e a do Planejamento, a Fundação Araucária, Secretaria da Educação (Seed) e as sete universidades estaduais. A Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) coordena os cursos de capacitação.
O programa iniciou a capacitação de mil alunos da rede pública no ano passado, oferecendo bolsas de até R$ 1.500 mensais, notebooks e infraestrutura moderna para as aulas.
Os cursos, com carga horária de 800 horas, abrangem desde programação e segurança cibernética até o desenvolvimento de habilidades comportamentais, preparando os estudantes para o mercado de tecnologia.
O intuito é expandir o programa para 3.000 alunos até 2026, contribuindo para a formação de mão de obra qualificada e incentivando a inclusão digital.