A venda de ingressos para o show do RBD, que acontece em novembro deste ano, está virando caso de polícia. Um grupo de fãs, que está acampado em frente ao Estádio Pacaembu em busca bilhetes, disse ao R7 que está sofrendo ameaças de cambistas enquanto aguarda a abertura da bilheteria, nesta quinta (2) e sexta-feira (3).
“Ontem, dei entrevista para outra equipe de reportagem, relatei tudo de errado que estava acontecendo aqui e um dos cambistas me falou: ‘É melhor você ficar quietinha porque já estamos de olho em você e vamos colocar fogo na sua barraca'”, contou uma das fãs, que preferiu não se identificar por segurança.
Além das ameaças verbais, eles relataram que os supostos criminosos andariam frequentemente armados na frente deles para intimidar. “Na sexta (27), foi tanta confusão que teve uma amiga que começou a brigar com uma cambista e a mulher deu dois tapas na cara dela. Outro amigo nosso teve que sair fugido, de carona com gente que ele nem conhecia, porque o ameaçaram com uma arma. Apontaram na cara dele.”
O grupo, que se abriga em algumas das mais de 50 barracas que estão na Praça Charles Miller, explicou que está acampado desde a última quinta-feira (26), pois esperava conseguir os ingressos que foram vendidos para as primeiras datas anunciadas, 17 e 18 de novembro. Entretanto, a ação dos cambistas teria sido tão forte e intensa que ninguém conseguiu sequer chegar até a bilheteria, que iniciou as vendas exatamente às 10h da manhã do último dia 27.
Agora, eles aguardam a reabertura para a terceira data de show, que vai acontecer no dia 16 de novembro.
“Estamos com medo dos cambistas fazerem exatamente a mesma coisa que fizeram na semana passada. Aqui só é permitido até 30 pessoas em cada barraca. Na sexta, eles já estavam entre as primeiras barracas, mas trouxeram dois ônibus cheios de pessoas que se encaixam para a fila preferencial. Pouco antes da bilheteria abrir, chegaram vários idosos, crianças de colo, pessoas com deficiência, que passaram na nossa frente e depois que compravam entregavam bolos de ingressos nas mãos deles. Tinha tanta gente que nem as pessoas que estavam na barraca de número 20 conseguiu comprar”, relatou outra fã.
Entretanto, vale destacar que a Eventim diz não permitir que uma pessoa compre “um bolo de ingressos”. No site, eles explicam que o “limite de ingressos por CPF é de até seis, sendo no máximo duas meias-entradas”.
Falta de segurança
Os fãs alegaram ainda que, desta vez, conseguiram identificar que a maioria dos supostos cambistas estariam na primeira barraca da fila. Eles passaram a informação para os guardas de jalecos verdes fluorescentes, que fazem a segurança do local, mas disseram que nada foi feito.
“Não nos sentimentos seguros aqui. Os seguranças estão juntos com eles. São os seguranças que colocam os cambistas para frente e fazem questão de proteger as barracas deles”, afirmou uma fã.
A reportagem esteve no Pacaembu por volta das 10h da manhã desta terça-feira (31) e questionou um trio de seguranças sobre as denúncias dos fãs. Dois guardas se esquivaram das perguntas, mas o terceiro começou a gravar com um celular e pediu a identificação das pessoas que relataram as denúncias. Tentamos entrevistar os integrantes da primeira barraca, mas ninguém quis falar.
Devido às ameaças e a falta de segurança, o grupo de fãs acionou a Polícia Militar pelo 190, mais de uma vez. Eles contaram que uma viatura foi enviada ao local, mas a presença dos agentes não intimidou os supostos criminosos.
“Na sexta-feira (27), tinha só uma viatura aqui com dois policiais. Eles chegaram nos cambistas, cumprimentaram apertando na mão, chamando pelo nome, e foram embora. Também teve policial dando ingresso na mão do cambista na frente de todo mundo, sem disfarçar. Nos outros dias, chamamos a polícia de novo na esperança que enviassem outra viatura, mas veio a mesma, com um homem e uma mulher, mas não adiantou nada porque eles se conhecem”, disse um dos admiradores do RBD.
“Só melhorou no dia que chegou a Polícia Civil aqui e os cambistas começaram a dispersar”, completou.
Além disso, os fãs também acusam a Eventim, empresa responsável pela venda dos ingressos, de ter algum suposto acordo ou parceria com os cambistas. “Vimos o vídeo de um suposto cambista denunciado que eles têm alguns combinados com a Eventim. Diante de tudo o que vimos aqui desde quinta-feira, fica difícil não acreditar. Assim que abriram a bilheteria, eles entraram e começaram a fazer os repasses direto para os cambistas.”
Nas redes sociais, a declaração dos fãs ganha força com um vídeo de um cambista que se autointitula “terceirizado da Eventim” e afirma ter autorização da empresa para revender ingressos, desde que o comércio seja feito por uma plataforma específica. “Os caras estão acampando e o pai já sai com 30 ingressos na sacola. Tem mais 30 ingressos disponíveis, quem precisar, estamos aí”, afirma o rapaz nas imagens; assista
O que dizem as partes?
Procuramos o Estádio Pacaembu para comentar sobre os guardas que fazem a segurança dos fãs que estão no local, mas a assessoria de imprensa explicou que eles são contratados da própria Eventim. “Esta operação de venda de ingressos não é feita por nós, da Allegra Pacaembu. É uma ação da Eventim, responsável por toda venda e organização da venda de ingressos. Os seguranças são todos contratados pela Eventim. Toda a operação de venda é deles”, informou.
A Live Nation, produtora responsável pela turnê do RBD, emitiu um comunicado na noite desta quarta-feira (1º), após críticas de fãs à dificuldade para comprar ingressos. A empresa estabeleceu algumas mudanças para a compra das entradas dos shows extras, como o aumento do número de ingressos na bilheteria física, maior número de seguranças e de funcionários no ponto de venda.
“Para que as filas andem mais rapidamente, mais guichês de vendas serão abertos. Será dobrado o número de seguranças contratados no local e haverá maior policiamento, garantindo que toda a fila e os guichês estejam devidamente seguros e monitorados”, diz a nota oficial (leia na íntegra abaixo).
A reportagem tenta contato com a Eventim desde segunda-feira (30), quando o Procon-SP notificou a empresa e pediu esclarecimentos sobre as vendas das dos ingressos, mas até o fechamento desta publicação não recebeu nenhum retorno. A Eventim foi cobrada mais uma vez, nesta quarta-feira (1º), mas ainda não se pronunciou sobre o caso.
Também contatamos a assessoria de comunicação da Polícia Militar de São Paulo por e-mail para explicar o possível envolvimentos dos policiais com os cambistas, mas ainda não houve retorno.
O espaço está aberto para esclarecimentos e a nota será atualizada caso haja manifestações das partes citadas acima.
Saiba por onde andam os ex-integrantes do RBD: