Início Geral Há 35 anos, jornais e sites publicam conteúdo da Agência Brasil

Há 35 anos, jornais e sites publicam conteúdo da Agência Brasil


São 5h no bairro Morada do Sol, em Rio Branco, e os trabalhos já começaram na redação do ac24horas, jornal online em atividade há 18 anos. A preparação da pauta diária inclui acessar a Agência Brasil e selecionar textos e fotos que possam ser publicados na editoria de notícias nacionais.

A editora-chefe do ac24 horas, Thais Farias, diz que os conteúdos facilitam o trabalho diário e garantem o acesso a uma informação segura.

“Nós acreditamos que as informações da Agência Brasil carregam credibilidade e funcionam como uma fonte de extrema confiança para os veículos nacionais, principalmente àqueles mais afastados dos grandes centros urbanos do país, onde checar in loco uma informação pode se tornar uma tarefa mais difícil e, por vezes, inviável”, diz a editora-chefe.

A linha editorial do ac24horas prioriza temas de política, mas tem espaço para assuntos diferentes como educação, cultura, entretenimento e cotidiano. Há correspondentes em outras regiões do estado, para além da capital. Os leitores englobam desde os mais jovens até os mais experientes.

Como agência de notícias pública, a Agência Brasil coloca os conteúdos produzidos pelos seus jornalistas à disposição de todos os veículos de comunicação. Não é preciso desembolsar um centavo diretamente. Como diz o texto do pop-up que surge toda vez que o conteúdo é copiado, “a republicação é gratuita desde que citada a fonte”.

Thais Farias sabe disso há pelo menos 13 anos, quando começou a trabalhar no jornalismo acreano. Ela está desde 2019 no ac24horas como repórter e há pouco mais de dois anos desempenha a função de editora-chefe do jornal.

“Comecei como estagiária no tradicional jornal impresso O Rio Branco. No mesmo grupo, passei pela TV, onde atuei com produção, reportagem e também tive o primeiro contato com o jornalismo online. Desde esse primeiro contato, há mais de dez anos, tive a Agência Brasil como uma fonte segura de informação e sempre acesso em busca de notícias com credibilidade”, diz Thais Farias.

A mais de 3 mil quilômetros dali, em Palmas, o Conexão Tocantins leva ao público informações do estado e regiões adjacentes. O site de notícias funciona desde 2007 e tem no conteúdo da Agência Brasil um complemento importante para abordar temas mais diversos. A repórter Nayara Pires confirma que o uso do material é frequente na redação do Conexão Tocantins.

“Utilizamos na íntegra ou editado em razão da relevância e interesse público da informação, como forma de complementar o menu editorial do site em áreas relevantes que impactam diretamente a vida do cidadão, como economia, política, saúde e cotidiano”, diz Nayara.

Dessa forma, veículos com poucos profissionais e uma redação mais enxuta conseguem ampliar o tipo de conteúdo que fornecem aos leitores, explica a repórter.

“A importância se dá pelo caráter informacional isento e que estabelece um equilíbrio sobre os ângulos e perspectivas no tratamento da informação, além de servir como suporte para os pequenos veículos que ainda não têm uma redação abrangente e consolidada cobrindo distintas editorias de interesse público”, destaca Nayara.




Coordenador-geral de Conteúdo do Brasil de Fato, Rodrigo Chagas, diz que Agência Brasil ajuda a combater “desertos informacionais” – Foto:  Rodrigo Chagas/Arquivo pessoal

Com sede em São Paulo, o site de notícias Brasil de Fato republica até três textos por dia da Agência Brasil. Segundo o coordenador-geral de Conteúdo, Rodrigo Chagas, são priorizadas coberturas factuais e efemérides. Além de aumentar o volume de notícias, o complemento ajuda a liberar os repórteres para trabalhar em produções autorais.

“A gente tem uma salvaguarda, um chão muito bem construído por agências estaduais e nacionais, como a Agência Brasil, de combate aos desertos informacionais, aos vazios de notícias, que sabemos quão prejudiciais podem ser para a democracia”, diz Rodrigo Chagas.

“Em vez de só manter a Agência Brasil, precisamos que ela esteja forte, que tenha os trabalhadores necessários para dar conta do seu papel. Uma equipe remunerada adequadamente e em quantidade necessária”, complementa.




Márcia Dias, editora do PB Agora, diz que a utilização de conteúdos da Agência Brasil permite a ampliação da cobertura do site – Foto: Márcia Dias/Arquivo pessoal

A Agência Brasil também contribui para um número expressivo de veículos informativos do Nordeste. É o caso do PB Agora, site de notícias da Paraíba, criado em 2009, que tem uma média de 3 milhões de visualizações mensais.

Estender os limites da cobertura diária para além das divisas paraibanas é possível com o apoio da agência pública de notícias, como explica Márcia Dias, editora do PB Agora.

“Utilizamos o conteúdo da Agência Brasil por ser uma fonte oficial, confiável e com cobertura dos principais acontecimentos do país. Além disso, a permissão da repercussão dos textos e fotografias de qualidade em nosso portal nos dá a possibilidade de ampliar a cobertura jornalística no PB Agora, especialmente em temas de relevância nacional que, pela nossa localização, não conseguiríamos cobrir diretamente por limitações logísticas”, diz Márcia.

Comunicação antirracista

Além do alcance geográfico amplo, ao atender veículos de Norte a Sul do país, a Agência Brasil tem entrada em mídias que se posicionam diretamente em defesa da diversidade e da democracia plena.




Equipe de redação do Notícia Preta – Foto: Notícia preta/Divulgação

É o caso do Notícia Preta, site lançado em 2018 pela jornalista Thais Bernardes. Ela já tinha experiência em outras empresas de mídia tradicionais e decidiu investir em um projeto editorial de combate às desigualdades, com foco antirracista.

A equipe atual tem 23 pessoas e participa também da Escola de Comunicação Antirracista, plataforma de ensino online criada em agosto de 2023. Além da produção própria, o Notícia Preta reverbera alguns dos conteúdos produzido pela Agência Brasil.

“Para uma mídia independente como a nossa, que ainda não conta com uma estrutura de cobertura nacional como a dos grandes conglomerados, a existência de uma agência pública como a Agência Brasil é essencial. Ela nos oferece acesso gratuito a conteúdos de interesse público, com credibilidade, o que fortalece a pluralidade de vozes na imprensa brasileira”, diz Thais Bernardes.

A diretora do Notícia Preta entende uma agência pública de notícias como uma conquista democrática, que permite ao site ter uma cobertura mais completa, coerente com a linha editorial adotada, e o apoio de uma estrutura com informação gratuita e confiável.

“Para veículos como o Notícia Preta, que representam a mídia independente, periférica e antirracista, a Agência Brasil funciona como uma ponte de acesso à informação de qualidade, especialmente sobre o que acontece nas diferentes regiões do país”, diz Thais. “Num momento em que a desinformação cresce e a credibilidade da imprensa está em disputa, o fortalecimento de uma agência pública transparente, plural e acessível é mais necessário do que nunca”, complementa.




TVT News utiliza material da Agência Brasil para produzir seus conteúdos – Foto: TVT New/Divulgação

Trabalhadores informados

Há 14 anos, a Rede TVT atua para promover o acesso à informação, à cultura e ao entretenimento, por meio de TV aberta, rádio e internet. Classificada como emissora educativa, ela é mantida pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e pelo Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região.

Conhecida por defender o interesse dos trabalhadores, dos movimentos sociais e das entidades sindicais, a TVT também utiliza os conteúdos produzidos pela Agência Brasil, como explica o presidente da empresa, Maurício Junior.

“A pauta da TVT começa pela leitura da Agência Brasil. No final de cada dia e no início de cada manhã, o editor do site TVT News e os produtores dos telejornais Jornal TVT News Primeira e Segunda edições olham o que foi publicado para definir o que será notícia para a TVT”, diz Maurício Júnior.

“A Agência Brasil é uma âncora de credibilidade. O material é muito importante para pautar o jornalismo em geral. O que é escolhido para ser publicado na Agência vai ser a pauta dos demais veículos de comunicação, o que é essencial para a democracia e para o jornalismo brasileiro”, complementa.

O presidente da TVT destaca como diferenciais o tipo de linguagem e a preocupação em tornar a informação mais acessível. “A Agência Brasil também traduz, para linguagem mais simples e direta, temas que são complicados, como ações ministeriais, lançamento de políticas públicas ou decisões judiciais. É a partir da abordagem da Agência Brasil que temos uma bússola de como falar para nosso público”, diz.

Em sentido semelhante, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) também republica em seu site oficial os conteúdos da Agência. Como principal organização sindical brasileira, a CUT está organizada em todos os 26 estados brasileiros e no Distrito Federal.

Segundo a secretária de Comunicação da entidade, Maria Aparecida Faria, textos e fotografias da Agência são utilizados com frequência, por dialogarem com muitas pautas de interesse da classe trabalhadora.

“Publicamos matérias que tenham como temas trabalho informal, regulamentação do trabalho das cuidadoras, direito das mulheres, combate à violência, ao racismo e outras formas de discriminação, como a LGBTfobia”, diz Maria.

“Matérias de serviço também são muito utilizadas. Como sacar o PIS, antecipação de décimo terceiro de aposentados, o que abre e fecha no feriado, entre tantas outras. Também divulgamos pautas sobre retomadas de políticas públicas, como Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida”, complementa.

Aperfeiçoamento

Assim como tem feito durante estes 35 anos, a Agência Brasil busca aperfeiçoar o trabalho que é feito a partir das redações do Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília, além de viagens para outras coberturas nacionais. Por isso, ouve com atenção e respeito as sugestões daqueles que ampliam o alcance das notícias produzidas por ela.

“A sugestão é que possam ter mais matérias direcionadas aos estados que compõem a região do Matopiba [Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia], principalmente o Tocantins”, pede Nayara Pires, do Conexão Tocantins.

“Sugerimos a publicação de notícias mais focadas na Região Norte do Brasil. Percebemos que as matérias publicadas são concentradas mais na Região Sudeste e Sul, e ficamos um pouco ‘órfãos’ de assuntos relacionados aos estados do Norte, aparecendo apenas em casos extremos, como crises climáticas”, diz Thais Farias, do ac24horas.

“Acredito que ainda há espaço para avançar em alguns pontos importantes. Uma das sugestões que deixo, com todo respeito e espírito construtivo, é que haja uma atenção maior à linguagem utilizada nos textos, especialmente em coberturas sobre segurança pública ou Justiça. Termos como ‘antecedentes criminais’, por exemplo, muitas vezes reforçam estigmas sobre determinados grupos sociais, principalmente a juventude negra e periférica, e não contribuem para uma narrativa antirracista”, diz Thais Bernardes, do Notícia Preta.



Via Ag Brasil

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