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Maternidade e esporte: Ágatha, Roseli e Célia contam como as filhas mudaram suas vidas


Esporte de alto rendimento e maternidade envolvem rotina, dedicação e muita paixão. São diferentes, mas com muitos pontos em comum. Para celebrar o Dia das Mães, conheça a história de uma atleta-mãe (Ágatha Bednarczuk), uma mãe de atleta (Roseli Lopes) e uma técnica-mãe (Célia Targat).

As três apresentam um pouco dessa relação umbilical com as filhas e falam sobre como o esporte pode ser um canal para aproximar relacionamentos e transformar a vida para melhor. 

ÁGATHA BEDNARCZUK RIPPEL – A medalhista olímpica de vôlei de praia Ágatha Bednarczuk (Rio 2016) e campeã mundial é mãe recente da pequena Kahena, que nasceu no final do ano passado. Aos 39 anos, ela vive o estágio da volta aos treinos para conquistar a vaga olímpica para Paris 2024, agora ao lado da nova parceira nas areias, Rebecca, com a rotina intensa de criação da filha.

“Eu sempre tive o sonho de ser mãe, mas eu nunca imaginei que estaria jogando ao mesmo tempo. Sempre imaginei que já estaria aposentada, então tudo que eu venho vivendo hoje em dia tem sido uma surpresa. A experiência da maternidade tem sido muito gostosa, a sensação que tenho é que o amor cresce cada dia mais”, afirma.

Kahena está com seis meses e transformou a vida de Ágatha. A rotina ficou mais intensa, assim como a vontade de terminar o trabalho e chegar em casa correndo.

“Tenho acordado de madrugada para dar o mamazinho dela, e antes de sair para treinar tenho que amamentá-la e deixar leite para depois, então tive que criar esse tipo de logística no meu dia a dia para conseguir estar ao lado da Kahena e conseguir treinar ao mesmo tempo”, afirma. “Mas é uma delícia poder acabar meu dia e saber que tenho um pacotinho, uma bolotinha, me esperando”.

Essa rotina envolve também o marido e personal trainer dela, Renan Rippel, que é parceiro não só na criação da filha, mas também na carreira de atleta. “Estamos vivendo um processo de voltar para a alta performance e temos esse grande sonho que é ter a Kahena do nosso lado. Ele tem sido um parceiro nessa caminhada, um paizão super presente, estamos adorando esse momento”, comenta.

Ágatha conta que pretende incluí-la ao máximo na sua carreira esportiva. “Estou trazendo a Kahena para o meu mundo, então ela vai aos treinos comigo, me acompanhou na minha primeira viagem, na minha primeira competição depois da gravidez. Eu tô focada nisso, que ela esteja presente na minha vida, dentro dessa rotina”, complementa.

Ela conta que a principal mensagem assimilada pela maternidade é a de não desperdiçar os poucos momentos de tempo livre livre com bobagens. “A maternidade me trouxe isso de não gastar tempo livre com bobeira, e o principal, ela me trouxe muito amor, os meus dias são muito mais floridos”, finaliza.

ROSELI LOPES – Roseli Lopes é o outro lado dessa parceria. Ela não é esportista, mas mãe de Bárbara, ou Babi, ginasta paranaense que disputa vaga nas próximas Olimpíadas. 

Babi começou a se interessar pela ginástica muito cedo e Roseli e o marido logo buscaram locais para que a filha pudesse treinar. Em 2004, ela começou a praticar ginástica artística, mas depois mudou para a ginastica rítmica, onde está até hoje. Há poucos dias, ela conquistou um inédito ouro na prova de fita para o Brasil em um Grand Prix, na França, e marcou o nome na história da modalidade.

A vida de mãe de uma ginasta é de alívios e apreensões, segundo Roseli. No começo, o temor era se ela e o marido teriam condições de arcar com os custos da modalidade. “A gente olhava o talento e o lado técnico, mas também se conseguiríamos bancar esse apoio financeiramente. Mas fomos dando suporte, nos virando, abrindo mão de algumas coisas, para que ela alcançasse seus sonhos, e agora ela é campeã mundial”, afirma. 

Roseli sempre esteve muito presente em toda a carreira esportiva da filha, tanto que até há pouco tempo ainda costurava os collants, como se estivesse presente nos movimentos das apresentações. Agora, com os 20 anos de carreira já consolidada da filha, se dedica à própria rotina, mas segue acompanhando as competições, nem que for pela tela de um celular. A saudade que a distância física provoca ainda bate forte.

“Quando me perguntam se fico com saudades eu falo que já me acostumei, mas é mentira, a gente não se acostuma com essa distância. É coisa de mãe. Nós vamos nos adequando à falta dela, mas nunca ligamos pedindo para ela voltar, mesmo com saudades, porque esse é o trabalho dela, o sonho dela”, afirma.

Uma dica para os pais de atletas, segundo ela, é “entrar de cabeça”. “Faz toda a diferença. Ter um filho no esporte significa saúde, ficar longe de certos círculos de influência que não são muito bons, e principalmente consolidar a chance de construir uma grande personalidade. Haverá obstáculos, mas não se deve desistir. O esporte é muito bonito”, complementa. 

CÉLIA TARGAT – Desde 1991 atuando como técnica de natação, Célia Targat já treinou diversos atletas que conquistaram grandes resultados na modalidade, como Ana Carolina Ghellere, que em 2022 ganhou 21 medalhas em campeonatos brasileiros e integrou a seleção brasileira nos Jogos Sul-Americanos, onde também foi medalhista.

Mas, para Célia, um dos maiores orgulhos da vida é a filha, Maria Eduarda (Duda), que também é atleta, e treina com a mãe desde os nove anos. “Durante o treino ela me chama de Célia e discute comigo como qualquer atleta, fica brava quando a série é difícil, mas em casa me chama de mãe, é outra relação. Construímos isso juntas”, comenta.

Esse pacto começou cedo. Quando Duda nasceu, Célia unia a carreira de dona de uma academia de natação e técnica de equipes profissionais em Foz do Iguaçu. A filha e o marido Omar Pinheiro tiveram que acompanhar a rotina de viagens para competições, o que aos poucos a inseriu nesse novo universo. A natação virou uma paixão de ambas.

“Quando a Duda era pequena, eu treinava a equipe master, e sempre a levava para os campeonato. Não faltava gente para cuidar e dar colo, ela dormia ao som dos gritos de torcida e adorava viajar. Meu marido também nadava nesses campeonatos, então sempre estávamos juntos. Éramos uma família completa competindo Brasil afora”, diz. 

Quando a técnica assumiu a equipe principal, as viagens aumentaram e nem sempre o marido pode acompanhar, mas a filha estava sempre junto. E o que parecia uma rotina apenas esportiva virou um grande aprendizado.

“Não tem receita pronta para educar um filho, e não é diferente com o filho dos outros. Como técnica, aprendi a entender esse conceito. Ser mãe me transformou como técnica por essa relação que estabeleci com a Duda, em especial para lidar com os adolescentes”, complementa.

Célia acredita que a maternidade foi uma de suas maiores conquistas. “A Duda é meu presente do céu, minha companheira, amiga, minha razão de vida. O mais gostoso é que é perceptível o orgulho que ela tem da Célia técnica e também da Célia mãe. No esporte, encontramos essa grande conexão”, finaliza.



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