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Memória e justiça: Operação Miss elucida morte da Miss Altônia e de Valdir Feitosa

Sete anos após crime brutal, Polícia deflagra Operação Miss em busca de justiça por Valdir e Bruna

Sete anos se passaram desde a noite em que o silêncio da cidade de Altônia foi quebrado por um crime que abalou não apenas o município, mas todo o país. Na manhã desta sexta-feira (6), a Polícia Civil do Paraná deflagrou a Operação Miss, fruto de uma investigação detalhada sobre o duplo homicídio que vitimou Valdir de Brito Feitosa, então com 30 anos, e Bruna Zucco Segantin, de apenas 21 anos, eleita Miss Altônia poucos dias antes de sua morte.

A operação foi coordenada pela 16ª Delegacia Regional de Polícia de Altônia, com o apoio da 5ª Subdivisão de Polícia de Pato Branco, da Delegacia de Palmas e do TIGRE (Tático Integrado de Grupos de Repressão Especial). Ao todo, foram cumpridos cinco mandados de prisão preventiva e cinco mandados de busca e apreensão nos municípios de Palmas (PR), Pato Branco (PR) e Balneário Camboriú (SC).

Bruna, conhecida por sua simplicidade e carisma, foi morta de forma cruel por estar, segundo as investigações, no lugar errado, na hora errada, ao lado da pessoa errada. Valdir, segundo a polícia, era o verdadeiro alvo de uma execução relacionada à disputa entre facções criminosas envolvidas com tráfico de drogas e contrabando na região de fronteira. Bruna foi assassinada apenas por estar com ele naquele momento.

Os corpos do casal foram encontrados carbonizados dentro de um carro incendiado, no dia 22 de março de 2018. A brutalidade do crime e o fato de Bruna não ter qualquer envolvimento com o mundo do crime provocaram indignação e profunda comoção na comunidade. A frieza dos assassinos chocou ainda mais: um dos envolvidos, segundo a polícia, chegou a tatuar em uma das mãos o rosto de uma mulher, em uma referência macabra à jovem Miss.

A investigação enfrentou inúmeros desafios, incluindo a destruição de provas, coação de testemunhas e a contratação de pistoleiros de fora do estado. Ainda assim, após anos de trabalho, os investigadores conseguiram identificar e localizar os suspeitos. O suposto mandante do crime, A.D.S., de 39 anos, foi preso em um apartamento com porta blindada, o que exigiu o uso de explosivos para acesso. Ele foi detido sem resistência, assim como M.R.F. (44 anos), P.R.K. (43 anos) e E.R.F. (26 anos).

A Operação Miss representa um importante avanço na busca por justiça para as famílias de Valdir e Bruna. Para os pais da jovem, que durante todos esses anos clamaram por respostas, o momento é de alívio, embora a dor permaneça. “Não queremos vingança, só queremos que não fique impune”, declarou a mãe de Bruna, ainda na época do crime.

Mais do que uma ação policial, a Operação Miss é um símbolo de resistência contra o silêncio imposto pelo medo, e um tributo à memória de uma jovem que teve seus sonhos brutalmente interrompidos.


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