Como os buracos negros evoluem e influenciam o ambiente ao seu redor? O que apontam as pesquisas sobre a misteriosa energia escura? O que a energia nuclear tem a ver com estrelas de nêutrons e ondas gravitacionais?
Estas perguntas fazem parte de linhas de pesquisas de cientistas brasileiras ligadas às astrociências e que se reúnem, virtualmente, esta semana, para troca de informações, saberes e vivências.
As Astrocientistas – II Encontro Brasileiro de Meninas e Mulheres da Astrofísica, Cosmologia e Gravitação – conta com pesquisadoras que estão no Brasil e em países como Estados Unidos, França, Reino Unido, México e Alemanha. É o caso de uma das organizadoras do evento, a astrônoma Catarina Aydar, que participa da Alemanha, onde é aluna de doutorado no Instituto Max Plank para Física Extraterrestre.
Ela explica que a ideia de criar um espaço virtual, no ano passado, que agregasse pesquisadoras brasileiras no cenário nacional e internacional veio de uma demanda presente de se conectarem, trocarem informações e impressões sobre a carreira e o trabalho. Além disso, Aydar destaca a importância também de abrir portas para gerações futuras em um ambiente majoritariamente ocupado por homens.
“A maioria das organizadoras estava fora do Brasil e sentia falta deste vínculo com a comunidade de mulheres brasileiras. Então, foi uma vontade de expandir isso, para que inclusive mulheres que talvez viessem de formações em que tivesse uma maioria meio sufocante até de homens na carreira pudessem encontrar esses outros pares de mulheres que são ao mesmo tempo inspiração e parceria’’.
Em relação à edição passada, em que o evento focou principalmente nas questões das descobertas e desafios científicos com o protagonismo feminino, Aydar diz que este ano o foco está ampliado para debates sobre comunicação, divulgação científica e nas formas eficazes de fazer com que o conhecimento científico chegue até a população brasileira. Ela diz ainda que embora os debates sobre equidade nas carreiras ligadas às astrociências sejam uma bandeira, o encontro é aberto para todos os interessados.
‘’A gente acredita que é muito importante ter ambos os gêneros e as outras as pessoas que se identificam com outros gêneros além deste binarismo, participando nesta luta por mais diversidade, por mais inclusão, e por uma academia que seja menos tóxica e que consiga acolher mais as mulheres que participam deste tipo de trabalho, para que não se sintam uma minoria excluídas e oprimidas, enquanto estamos simplesmente exercendo a nossa profissão’’.
Entre os 26 palestrantes desta semana estão a astrônoma Thaisa Storchi Bergmann, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Ela vai abordar os recentes resultados de observações de buracos negros – incluindo os achados do supertelescópio espacial James Webb.
Tem também a cientista brasileira Marcelle Soares-Santos, da Universidade de Michigan (EUA). Ela vai contar um pouco sobre a sua pesquisa envolvendo a energia escura, que é considerada uma hipótese para explicar a expansão acelerada do universo. E no último dia do encontro, a palestra-chave será com Jocelyn Bell-Burnell, da Universidade de Oxford, no Reino Unido. Ela é autora da descoberta dos pulsares, que são estrelas de nêutrons com alto campo magnético, com rotação e emissão de radiação em jatos.
Às vésperas do Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, celebrado em 11 de fevereiro, a organização do evento destaca que, para além da representatividade e dos números, é preciso que as mulheres tenham estrutura para se manter na academia diante de questões como maternidade, assédio moral e sexual.
“(Queremos) trazer luz para estas questões, para que realmente exista apoio instucional mais formalizado, políticas públicas e estruturas estáveis que as mulheres possam se apoiar caso elas sejam vítimas de algum tipo de opressão nas suas carreiras e nos seus ambientes de trabalho”.
E a cobertura em astronomia feita pela Empresa Brasil de Comunicação é um dos destaques do Encontro Brasileiro de Meninas e Mulheres da Astrofísica, Cosmologia e Gravitação.
A série de reportagens especiais Mulheres que Amam as Estrelas, veiculada na Agência Brasil e na Radioagência Nacional, retrata os desafios e conquistas de mulheres, que ao longo dos séculos, se dispõem a estudar os astros. Cada matéria remonta aos feitos de uma cientista que marcou a história da astronomia e de uma cientista da atualidade com atuação no Brasil.