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Museu Virtual Rio Memórias ganha novas galerias terça-feira


O Museu Virtual Rio Memórias ganha, na próxima terça-feira (28), mais três galerias que se somarão às 12 já existentes. As 15 galerias contam a história do Rio. O evento será realizado no Renascença Clube, no Andaraí, zona norte carioca, durante roda de samba capitaneada pelo historiador e sambista Marquinho China.

A inclusão de novas galerias ocorre anualmente no museu, que pode ser acessado neste endereço. A pesquisa é feita de forma contínua por especialistas vinculados às maiores universidades do país. O evento de lançamento das galerias é gratuito, mediante retirada de ingresso no Sympla.

Em entrevista para a Agência Brasil, a idealizadora do Rio Memória, Livia Sá Baião, explicou que cada uma das novas galerias foi feita por um curador especialista no assunto. Assim, a Galeria das Artes, por exemplo, foi feita por Frederico Coelho, que escolheu personagens, eventos e momentos inesquecíveis da cidade e, também, os raramente lembrados, desde o período colonial. “Ele foi curador do Museu de Arte Moderna (MAM), tem uma visão especial e fez um recorte muito bacana e quase cronológico. Mas tem a importância não só dos artistas cariocas, mas de todos os movimentos de arte que nasceram no Rio de Janeiro, os espaços que são fundamentais aqui e que reverberaram por todo o Brasil”, disse Livia.

Charges

Para preencher as seis salas online da Galeria das Artes, o curador Frederico reuniu charges e capas de revistas ilustradas, como a Fon-Fon e a Careta. Ele revisitou a fundação do Museu de Arte Moderna (MAM) e do Ateliê do Engenho de Dentro, da psiquiatra Nise da Silveira, e abordou as modernas formas de se expressar visualmente, entre elas a fotografia, as instalações, os happenings (forma de expressão com característica de artes cênicas) e as performances (apresentações de arte em público).

Em destaque, exposições, debates e espaços que marcaram a vida cultural do Rio, como as famosas exposições Opinião 65 e Nova Objetividade Brasileira e a relação do artista plástico Hélio Oiticica com a escola de samba Estação Primeira de Mangueira. Frederico é doutor em literatura pela Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC), além de historiador, ensaísta, pesquisador e professor. Atualmente, é diretor do Museu Universitário Solar Grandjean de Montigny.

A Galeria Rio Suburbano tem como curador Rafael Mattoso, mestre em história comparada pelo Programa de Pós-Graduação em História Comparada da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Ppghc/UFRJ). Ele é professor do Curso de Licenciatura em História do Centro Universitário Augusto Motta (Unisuam), da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, da Fundação Oswaldo Cruz  e da Secretaria de Estado e Educação do Rio de Janeiro. É também organizador dos Diálogos Suburbanos e do Viradão Cultural Suburbano.

Segundo explicou Livia Sá Baião, Mattoso morou a vida inteira no subúrbio e “tem várias iniciativas para valorizar a história do subúrbio. O que o subúrbio tem e o que explica o seu gostinho especial, que é muito carioca”. Nas cinco salas virtuais da galeria, Rafael Mattoso reuniu memórias que revelam as miudezas da vida suburbana, como correr atrás dos doces de Cosme e Damião, soltar pipa nas ruas e nas lajes e se apropriar da calçada ou das vias públicas para comemorar alguma data importante.

Rio Operário

Já a Galeria Rio Operário oferece um panorama da vida, do trabalho e das lutas dos operários do Rio, principalmente dos trabalhadores das fábricas de tecidos, como Bangu, Bhering e Confiança que, desde o final do século 19 até a década de 1930, formaram bairros e influenciaram os modos de vida do carioca. As fábricas chegaram a ser tema de músicas, como o samba Três Apitos, de Noel Rosa. Esse mundo do trabalho promoveu, de certa forma, a modernização da cidade.


Museu Virtual destaca o Rio Operário. Foto: Rio Memórias/Divulgação

O curador é Antonio Edmilson Rodrigues, historiador, professor associado da PUC Rio e professor adjunto da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Lívia  Baião disse que o conteúdo das sete salas da galeria online tem um sabor especial porque os textos foram desenvolvidos por alunos de Rodrigues na PUC Rio.

A galeria conta toda a história que vem das fábricas, mesclando com a história do futebol, que começou na Fábrica Bangu, com o lazer dos operários. “A gente fala também da questão de gênero, da situação das mulheres e de questões raciais e sociais. Tem todo um universo do operariado, do trabalho, nesse mundo de fábricas que foi superimportante na construção da identidade da cidade”, frisou Livia.

Na sala Greves, por exemplo, foram abordadas as lutas operárias, desde o século 19, rememorando a paralisação de trabalhadores escravizados da Real Fábrica de Pólvora, no Jardim Botânico, no final dos anos de 1820, que se uniram aos trabalhadores livres para reivindicar melhorias nas condições oferecidas, incluindo diárias e alimentação. É citada também a paralisação dos tipógrafos em 1858, considerada o marco das greves no Rio de Janeiro, até chegar aos grandes movimentos grevistas do século 20.


Conjunto Habitacional do IAPI, em Del Castilho.  Foto: Rio Memórias/Divulgação

Novo olhar

As galerias do Museu Virtual Rio Memórias nasceram aos poucos, desde a inauguração do museu digital, em agosto de 2019. Com mais de 180 mil visitantes, o site tem uma média de acessos de 15 mil pessoas por mês sendo que, agora em março, já foram anotados 17 mil acessos. Tudo isso está disponível para o público no celular, tablet ou computador, em diversos formatos e de forma gratuita.

Livia afirmou, também, que cada galeria traz um novo olhar sobre o Rio, ao mesmo tempo em que revela narrativas e perspectivas pouco conhecidas, contribuindo para a missão de divulgar e valorizar a história da cidade.

“Só conhecendo o passado podemos dar conta do nosso futuro, refletindo sobre a cidade que queremos ter daqui a dez ou 15 anos e engajando cada cidadão no cuidado com o rico e diversificado patrimônio material e imaterial carioca”, analisou.

No evento de lançamento das novas galerias, Marquinho China cantará obras-primas do gênero musical mais suburbano que existe, como Apoteose do samba (Silas de Oliveira), Sou mais o samba e Filosofia do samba (Candeia). Acompanhado por Rafael Mallmith (violão sete cordas), Léo Pereira (cavaquinho), Marco Basilio (surdo e percussão), Rodrigo Jesus (pandeiro) e Marcelo Pizzott (tantan), China vai contar histórias do samba e dos sambistas cariocas.

Para o segundo semestre, Livia espera lançar uma nova galeria, que contará a história do Complexo de Favelas da Maré. A coleta de dados já foi iniciada.



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