Apelido de um dos nomes mais tradicionais e conhecidos do país, a nacionalmente conhecida figura do “Zé” e todas as derivações e complementos surgidas dele foi tema do Amizade Zona Leste, segunda escola a desfilar neste sábado no Grupo de Acesso II do carnaval de São Paulo. Bem organizada, com destaque para a Evolução e segurança do casal de mestre-sala e porta-bandeira e da comissão de frente, a agremiação de São Mateus desfilou em 48 minutos (no agrupamento, são permitidas apresentações até 50 minutos) com o enredo “Do Zé Pelintra ao Zé Ninguém, Qual Zé é Você?”.

Evolução

Não faltou dinamismo e movimentação no desfile da agremiação da Zona Leste paulistana. Com um tema bastante simples e de fácil identificação com toda e qualquer pessoa (seja da plateia ou dos componentes), a escola foi bastante leve para fazer a apresentação de 2023. A grande maioria dos foliões dançavam, se movimentavam e sambavam, interagindo com o samba-enredo, com o carro de som e com quem estava presente no Anhembi.

Os staffs tiveram pouco trabalho para organizar a escola, que não teve problema algum quanto ao ajuntamento de alas, com ótima organização dos responsáveis. Os credenciados pela escola, por sinal, aparentavam bastante tranquilidade.

Um pequeno deslize foi notado no recuo da bateria. Se o movimento dos ritmistas foi bem executado, com entrada bastante rápida, e se a corte da bateria foi bastante segura ao ocupar o espaço deixado na hora do ato, a ala adiante, que representava os Zés de artes marciais, com quimonos e faixas pretas, seguiu evoluindo. O vácuo permitido foi pequeno e rapidamente ocupado, porém. Até mesmo Camilo Augusto, presidente da organização, estava no momento em que os ritmistas entraram no recuo.

Comissão de frente

No melhor estilo Zé Pilintra (entidade de religiões afro bastante conhecida), os comandados pelo coreógrafo Marcio Akira trouxeram muito samba no pé na coreografia executada por eles – bastante simples, por sinal, marcando o verso que era cantado pelo carro de som e pela escola.

Com roupas predominantemente brancas e detalhes vermelhos, todos eles estavam com um figurino que, além da entidade religiosa, também remetia à gafieira carioca. Não eram todos homens, porém: uma integrante com destaque trajava vermelho com detalhes brancos – vale destacar um conhecido cântico ligado ao Zé Pilintra, que pede para que “a mulher não tenha medo do marido”.

Com coreografia eficiente e sem grandes ousadias, ela tinha uma pequena apresentação, de pura execução de samba, na frente das cabines. Cabe destacar que em um movimento, quando todos ficavam perfilados e tiravam os chapéus, faltou sincronia para os coreografados que estavam na segunda metade, com alguns tirando os chapéus antes de outros. Por fim, vale destacar o momento em que todos os integrantes ficam alguns segundos parados – movimento raro em escolas de samba.

Mestre-sala e Porta-bandeira

Buscando trazer pontos para a agremiação, João Lucas e Angélica Paiva tiveram execução bastante segura ao sustentar o pavilhão do Amizade Zona Leste. Com movimentos mais cadenciados e sem tantos giros antes das cabines de jurados, ambos tiveram noite bastante graciosa e sorridente. Em uma noite de poucos ventos, João Lucas não teve grandes problemas para desfraldar o pavilhão da escola, enquanto Angélica aparentava estar bastante leve ao conduzir o símbolo máximo da instituição. Não foram notados erros técnicos no bailado do casal, que teve atuação segura ao longo de todo o desfile.

Alegorias e Adereços

As duas alegorias da escola tiveram concepção bastante diferença. O abre-alas, quase que inteiro em dourado e com detalhes em vermelho, remetia às religiões africanas, com uma escultura de Xangô – sincretizado, justamente, com São José na tradição católica. Com dois carros bem acoplados, o primeiro era uma espécie de santuário com machados (adorno muito ligado a Xangô), enquanto o segundo era mais alto e com componentes.

Já o outro carro alegórico dava muito destaque para o verde, já que representava a chegada dos portugueses ao Brasil. Com muitas cruzes de malta, destacaram-se os diversos telões na parte de baixo da alegoria, com desenhos remetendo às interações entre europeus e indígenas.

Em alguns pontos das esculturas e dos apoios, havia certa sobra de tecido – nada, porém, quem comprometesse o acabamento de ambos.

Enredo

Para cantar o enredo “Do Zé Pelintra ao Zé Ninguém, Qual Zé é Você?”, o Amizade da Zona Leste optou por um caminho pouco usual: algumas alas não tinham uma leitura quase que imediata – mesmo com o apelido bastante popular em todo o país. Outras, entretanto, traziam um adereço para falar da referência a qual “Zé” a ala fazia.

O samba, de fácil leitura, entretanto, deixa o papel bem mais simples para o julgador. As próprias alegorias, por sinal, eram de fácil leitura: a primeira também fazia referências a religiões africanas; a segunda tratava da chegada dos portugueses ao Brasil – e, claro, aos Josés que nela vieram. paulistano”

Samba-Enredo

Bastante simples, a canção foi executada com competência por Adauto Jr. e Eliezer PQP, intérpretes da escola. Sem muitos cacos, o carro de som da escola sustentou bem a canção, bastante leve e animada – apesar da dificuldade de comunicação com os integrantes da escola, que pouco cantaram. A sustentação da canção por parte dos ritmistas do Batucada do Amizade, sob a batuta de Mestre Vinicius Nagy, também merece destaques – leia mais em “Outros Destaques”.

Fantasias

Bastante simples, o Amizade Zona Leste apostou em materiais mais em conta para a concepção de boa parte das fantasias de alas. Não faltaram, porém, cores distintas ao longo do desfile (com destaque para o verde, uma das cores da agremiação) e nem qualidade no acabamento de cada uma delas.

Na frente da primeira cabine de jurados, enquanto executava a dança, a mestre-sala Angélica Paiva viu uma das plumas da fantasia se soltar, ficando no chão – e sendo retirada por um staff logo depois o bailado acabou.

Harmonia

O samba-enredo, bastante simples de ser cantado, tinha forte canto no verso “Canta forte Amizade” – último do refrão. Alguns apagões da Batucada do Amizade ajudavam ainda mais o canto no período. Nos demais instantes, entretanto, os integrantes pouco interagiam com a canção. Quem cantava, fazia de maneira mais discreta e não empolgavam integrantes da própria ala, que seguiam se movimentando, mas sem cantar de maneira estridente.

A ala que representava Zé Carioca, famoso personagem do universo Disney, foi o destaque negativo, com poucos foliões cantando; já a do Zé Fini, logo atrás, teve canto destacado positivamente.

Como ponto positivo, vale destacar a organização de absolutamente todas as alas, sem mesmo os staffs precisarem de muito trabalho no corredor.

Outros destaques

A corte da Batucada do Amizade, além de engrandecer o desfile, tiveram papel fundamental no recuo da bateria, como já dito anteriormente. Também vale pontuar os diversos apagões dos ritmistas comandados por Mestre Vinicius Nagy – foram ao menos cinco.





Via R7.com