Home Editorias Saúde Orientação e cuidados: atendimentos de adolescentes no SUS do Paraná crescem 22%

Orientação e cuidados: atendimentos de adolescentes no SUS do Paraná crescem 22%


A atenção integral e atendimento acolhedor contribuem para o aumento do número de adolescentes que buscam o Sistema Único de Saúde (SUS) do Paraná. O número de pessoas com idade entre 10 e 19 anos atendidas na rede de Atenção Primária (APS) nos municípios vem crescendo desde o ano passado, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde. De janeiro a agosto deste ano foram registrados 461.346 atendimentos de pessoas nesta faixa etária na APS, alta de 22% em relação ao mesmo período de 2023 (377.676).

Neste ano, a média mensal é de 10.459 atendimentos a mais do que no mesmo intervalo de tempo de 2023. Da população total do Paraná, de 11,8 milhões de habitantes, 1.498.274 são da faixa etária de 10 a 19 anos, segundo o Censo 2022 do IBGE. A Secretaria da Saúde dedica especial atenção a essa população, em atendimento à saúde física e mental e, também, em promoção da vida saudável.

“É fundamental que o profissional da saúde estabeleça laços de confiança com os adolescentes, tratando todos com respeito e imparcialidade, valorizando suas opiniões e sentimentos. O ambiente seguro e acolhedor, traz o adolescente para mais perto, fazendo com que eles se sintam mais à vontade para expressar suas preocupações, dúvidas e inseguranças”, afirma o secretário estadual da Saúde, Cesar Neves. 

A diretora de Atenção e Vigilância em Saúde da Sesa, Maria Goretti Lopes, afirma que a Sesa está sempre vigilante e atenta à realidade deste público, reforçando a necessidade de uma atenção integral, especialmente em relação à promoção da saúde e prevenção de agravos.

“Temos muitos desafios, mas as equipes da Sesa trabalham em várias frentes, desde a alimentação, tabagismo, doenças transmissíveis, e a saúde sexual e reprodutiva como um todo. Queremos que nossos jovens adolescentes entrem na fase adulta o mais saudáveis e preparados possível”, afirma.

Os dados da Sesa mostram que, nos primeiros oito meses de 2024, o atendimento de pessoas de 10 a 19 anos foi maior na puericultura, área da pediatria que monitora o crescimento e desenvolvimento da infância e adolescência, que concentrou o maior número de atendimentos (122.296). Na sequência estão os atendimentos relativos à saúde mental (101.887) e ao pré-natal (91.272). Atendimentos para dengue (74.215), reabilitação (27.026) e saúde sexual e reprodutiva (17.431) também tiveram peso nas condições avaliadas.

ACESSO – A Secretaria de Estado da Saúde ressalta que a falta dos pais ou responsáveis não deve ser um impedimento para que o adolescente busque atendimento na Unidade de Saúde, seja para agendar uma consulta ou receber atendimento direto. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) assegura esse direito dos 12 aos 18 anos.

A Sesa também recomenda às equipes de saúde que acolham e atendam os adolescentes conforme suas demandas, respeitando os princípios de confidencialidade, privacidade e sigilo. O Conselho Tutelar deve ser notificado caso os profissionais avaliem que o adolescente esteja em situação de risco, assim como devem estimular a participação dos pais ou responsáveis no acompanhamento.

Davi Miguel Pereira é um exemplo disso. Ele está entrando na adolescência. Há quatro dias ele foi atendido na Unidade Básica de Saúde de Imbaú, nos Campos Gerais. “Eu estava com dores na barriga e na cabeça. Conversei com a médica e fui melhorando. Eu achei bem bom e legal o meu atendimento. Quando preciso, sempre venho aqui”, disse.

VACINAÇÃO – O calendário nacional de vacinação para adolescentes inclui seis vacinas. Sem uma idade específica (a qualquer tempo) estão as vacinas da hepatite B, difteria e tétano (dT), febre amarela (VFA – atenuada) e tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola). Dos 9 aos 14 anos é ofertada a vacina contra papilomavirus humano (HPV) 6,11,16 e 18 ou a vacina HPV4, imunizante que protege contra esses tipos. E ainda está no calendário a meningocócica ACWY (MenACWY – Conjugada), recomendada de 11 a 14 anos. 

GRAVIDEZ  NA ADOLESCÊNCIA – Apesar de o pré-natal na adolescência estar em terceiro lugar no número de atendimentos na APS, a gravidez nesta faixa etária está diminuindo. Em 2019 foram 18.169 jovens grávidas com até 19 anos. Em 2023, 12.769, uma queda de 29,7%.
O enfrentamento à gestação precoce é uma das metas do Governo do Estado, por meio da Sesa, dentro da Linha de Cuidado Materno-Infantil, criada para o fortalecimento da assistência à saúde das gestantes de todas as idades, instituindo diretrizes para o cuidado integral.

MORTALIDADE – Os atendimentos de saúde também ajudam a analisar os cenários. De acordo com as informações do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, causas externas são o maior número de óbitos de adolescentes do Paraná, representando 55,10% do total da mortalidade neste público. Neoplasias e doenças do sistema nervoso estão na sequência, mas com números muito menores, 8,8% e 8,7%, respectivamente.

Homicídio, lesões causadas pelo trânsito e suicídio também estão os principais motivos, sendo que a mortalidade é maior entre adolescentes do sexo masculino em comparação ao sexo feminino. 

AÇÕES REGIONALIZADAS – Desde o início do mês, a 19ª Regional de Saúde de Jacarezinho, no Norte Pioneiro, realiza oficinas sobre o tema “Sexualidade na Adolescência”, nos 22 municípios de abrangência. Tendo como público-alvo enfermeiros e agentes comunitários de saúde vinculados à Atenção Básica, a iniciativa é em parceria com a Universidade Estadual de Londrina (UEL), pelo Programa de Pós-Graduação em Enfermagem.

O projeto faz parte da pesquisa “Oficinas de educação sexual e prevenção de infecções sexualmente transmissíveis (IST) com adolescentes: estudo experimental na Atenção Básica”, e tem como objetivo atingir melhores índices de ISTs, gravidez não planejada e outros agravos.

A saúde mental dos adolescentes é destaque no município de Pérola D´Oeste, no Sudoeste do Paraná. Uma parceria entre as profissionais das secretarias de Saúde, da Educação e da Assistência Social do município resultou no projeto “Criando Caminhos”, que surgiu como resposta ao alto índice de demandas em saúde mental encaminhadas por escolas e conselho tutelar.

Em setembro o projeto foi intensificado com convidados de diversas áreas de atuação para contar aos adolescentes suas histórias de vida, trajetória, dificuldades, bem como conquistas. O propósito da atividade foi inspirar os adolescentes, por meio de exemplos práticos e testemunhos, a criarem novos caminhos e novas possibilidades para a vida. Mais de 200 adolescentes participaram da ação.



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