Um grupo de produtores rurais e lideranças do Noroeste do Paraná trabalha pela Indicação Geográfica (IG) do urucum de Paranacity. O tema foi discutido em uma reunião na Expoingá, em Maringá, na terça-feira (10), quando uma equipe de trabalho apresentou ao governo estadual as etapas do processo.

O urucum, cujo pó das sementes é popularmente chamado de colorau ou colorífico, tem propriedades condimentares e tintoriais. É utilizado como tempero, como corante natural na indústria alimentícia, na indústria cosmética, têxtil, entre outras possibilidades. Devido à grande produção do fruto, desde 2022 Paranacity tem sido denominada como capital paranaense do urucum.

No encontro na Expoingá, o secretário estadual da Agricultura e Abastecimento, Norberto Ortigara, conversou com produtores sobre a produtividade e a genética da produção. Ele apresentou programas de governo, como o Coopera Paraná, que podem ser uma solução para os pequenos produtores. O programa apoia o cooperativismo da agricultura familiar com o objetivo de fortalecer as organizações para melhorar a competitividade e a renda dos produtores. “O Sistema Estadual de Agricultura está à disposição para colaborar no aprimoramento do manejo e da produção do urucum, seja por meio da assistência técnica, da pesquisa e dos nossos programas. Nós temos interesse nisso”, afirmou o secretário.

RECONHECIMENTO – O registro de Indicação Geográfica é conferido a produtos ou serviços que são característicos do seu local de origem, o que lhes atribui reputação, valor intrínseco e identidade própria, além de os distinguir em relação aos seus similares disponíveis no mercado. A expectativa é que o pedido de reconhecimento no Instituto Nacional da Propriedade Intelectual (INPI) seja protocolado ainda este ano. Entre as etapas que antecedem a solicitação no INPI, estão em andamento os estudos para a comprovação de espécie, delimitação da área geográfica e o desenvolvimento do Caderno de Especificações Técnicas.

Segundo o presidente da Associação dos Produtores de Urucum de Paranacity (Aprucity), Jair May, o grupo está aprimorando técnicas para conseguir o IG por Indicação de Procedência. “Seria um reconhecimento para o nosso ‘saber fazer’ e que pode agregar valor ao nosso produto”, disse. A associação tem 42 integrantes.

PESQUISA E EXTENSÃO – O diretor-presidente do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná Iapar-Emater (IDR-Paraná), Natalino Avance de Souza, e a diretora de Pesquisa, Vânia Cirino, também reforçaram o apoio da instituição. “Somos o braço do governo no campo e queremos colaborar para atender a essa demanda antiga dos produtores”, afirmou Souza.

A diretora sugeriu um encontro entre técnicos e produtores para conhecer as demandas e organizar o apoio. “Também temos aplicativos que podem auxiliar com informações técnicas importantes”, disse.

DESTAQUE – Paranacity e Cruzeiro do Sul são os maiores produtores de urucum do Paraná e formam a terceira maior região produtora do Brasil, com 600 hectares de urucuzeiros plantados. De acordo com o consultor do Sebrae/PR, Luiz Carlos da Silva, a variedade Piave, comum em Paranacity, está acima da média nacional em teor de bixina, substância vermelha do fruto que é utilizada como corante em indústrias. “Com a IG, o objetivo é que os agricultores possam valorizar seu produto, alcançar novos mercados e se fortalecer”, explicou o consultor.

Também participaram da reunião o prefeito de Paranacity, Júnior Coco, e o prefeito de Cruzeiro do Sul, César Sugigan, que ressaltaram o trabalho conjunto em prol da conquista do registro IG, com apoio do Governo do Estado e do Sebrae pelo desenvolvimento socioeconômico da região.



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