Resíduos da agricultura que seriam jogados no lixo podem se transformar em defensivos agrícolas naturais. O método desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal Fluminense é uma alternativa sustentável ao uso de agrotóxicos.

 A partir de um processo chamado pirólise, semelhante ao que acontece em uma panela de pressão, resíduos vegetais são aquecidos para criar biopesticidas. Esse método era utilizado para produzir biocombustíveis como óleos e carvão.

A coordenadora da pesquisa, a professora Evelise Chagas, explica que a partir do estudo do resíduo aquoso produzido nesse processo, que era descartado, os pesquisadores descobriram que ele tinha atividade no controle de insetos e pragas. Com isso foram feitas análises para identificar os resíduos de vegetais que poderiam ter atividade inceticida.

“Nem todo descarte líquido desse processo pode ser utilizado como inseticida. A gente já identificou que alguns têm essa atividade dependente da biomassa que entra, ou seja, dependente de qual resíduo. Dependendo de qual resíduo, a gente tem atividades associadas. Então, por exemplo, o licuri é um deles e outros que a gente não pode revelar porque ainda está em processo de patente e trabalhos em conjunto com empresas”.

O projeto foi iniciado em 2014 com o apoio da Fundação de Amparo Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ) e já rendeu duas patentes verdes para a UF. Uma pela adaptação do método e criação de uma pastilha contra insetos em grãos armazenados e a segunda para um pó de controle de carrapatos bovinos.

A professora Evelise Chagas destaca que o preço dos bioinceticidas é menor do que os inceticidas do mercado e outra grande vantagem deles é a seletividade.

“Vários desses produtos a gente já verificou que eles têm uma seletividade para o inseto. Que está sendo utilizado e isso é ótimo porque se você quer combater uma determinada praga é importantíssimo e outros a gente consegue ter uma ampla atividade. Além disso eles têm um menor poder residual então a gente diminui tempo de carência após o uso desse produto”.

Em outro foco de atuação os pesquisadores também identificaram que resíduos urbanos de madeiras de espécies de amendoeiras comuns na paisagem carioca inclusive no campus da UFF e em várias praias podem produzir uma substância antibacteriana para tratar casos de mastite bovina.

A doença afeta as tetas das vacas e pode prejudicar a qualidade do leite. A descoberta pode ajudar a reduzir o uso de antibióticos nesses animais e dar um destino sustentável ao resíduo que também tem atividade contra insetos pragas.

*Com produção de Diana Vitor




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