“Jaula” é um thriller espanhol que vai te deixar intrigado na primeira metade do filme e sem ar na segunda. Inspirado em um caso real, embora quase tudo aqui seja ficção, o longa-metragem conta a história de um casal, Simon (Pablo Molinero) e Paula (Elena Anaya), que encontra uma garotinha doente e abandonada no meio de uma rodovia próxima de casa. No hospital, a menina reage ao nome Clara e assim passa a ser chamada.

Ela tem algo de peculiar. Clara só anda dentro de espaços delimitados por um giz. Ela também não fala e é um pouco agressiva e nada sociável. Mas, aos poucos, Paula vai ganhando a confiança da menina. Apesar disso, coisas misteriosas começam a acontecer. Cacos de vidros misturados à comida deixam Paula e uma amiga grávida feridas. Logo, todos começam a desconfiar que Clara seja uma presença perigosa. Exceto Paula, que abraçou a responsabilidade de cuidar da menina a qualquer custo.

Como pano de fundo, há a história do casal, que tenta há muitos anos ter um filho. As dificuldades de engravidar estão prestes a destruir o casamento de Simón e Paula. A chegada de Clara é o sopro de esperança para eles. Às escondidas, Paula aplica injeções de hormônios que podem melhorar sua fertilidade, mas nada é compartilhado com o companheiro. A um desgaste emocional no vínculo entre eles, bem antes da chegada da criança.

Enquanto Simón quer Clara longe de casa, por pensar que ela representa riscos para todos ao redor, Paula está obcecada em descobrir a história por trás da criança. Mas quando Clara desaparece inesperadamente, Paula quebra todas as regras para encontrá-la de novo. Mas a busca a levará por caminhos muito perigosos e que desenterrará crimes do passado.

O filme tem uma atmosfera constante de tensão. Com cores frias e contrastadas, a fotografia é sombria e crua, nos fazendo ter certeza de que há coisas muito obscuras por trás da história de Clara. Afinal, a menina é alguma espécie de entidade sobrenatural malvada ou ela é uma vítima de traumas por algum tipo de abusador frio e cruel? Quase tudo fica nítido no final, inclusive o motivo pelo qual ela só anda dentro das linhas do giz. No entanto, algumas outras pontas ficam soltas, por exemplo, se há outras pessoas, além do vilão principal, envolvido.

Uma mistura de “A Órfã” e “O Quarto de Jack”, “Jaula” equilibra as doses certas de drama e suspense e prende os espectadores do início ao fim. É preciso também louvar a atuação de Elena Anaya, que carrega a trama inteira nas costas e conduz o público a desvendar o mistério.

Com direção de Ignacio Tatay, que co-roteirizou o filme com Isabel Peña, “Jaula” tem o desenvolvimento lento no começo. Apesar disso, costura na mente do espectador uma boa rede de enigmas que precisam ser solucionados. O enredo consegue brincar com a mente do espectador, que começa a fazer todo tipo de conjecturas sobre o que está acontecendo. E, quando chega no momento de escancarar o segredo, entrega cenas que vão mexer com o psicológico do público e deixá-lo apreensivo e com o coração disparado. O final é surpreendente e não decepciona.


Filme: Jaula
Direção: Ignácio Tatay
Ano: 2022
Gênero: Suspense/Thriller/Psicológico
Nota: 8/10



Via R7.com