Eternizada como autora de grandes clássicos da teledramaturgia brasileira e responsável por modernizar e trazer o cotidiano do país para as telenovelas, a mineira Janete Clair completaria 100 anos nesta sexta-feira, 25 de abril. Janete é responsável por obras que até hoje estão entre as preferidas dos telespectadores e que também se tornaram referência para outros autores em linguagem e estrutura: “Irmãos Coragem”, “Selva de Pedra”, “Pai Herói” e “O Astro”, estão entre elas.
A última novela da autora, “Eu Prometo”, de 1983, foi concluída por seu marido, Dias Gomes, e por uma então iniciante no ofício, Glória Perez, convidada pela própria Janete para ser sua assistente. Mas, antes do final da novela, a dramaturga morreu aos 58 anos em 16 de novembro de 1983, Janete morreu em decorrência de um câncer de intestino.
Janete Clair, nascida Jenete Stoco Emmer, era filha de um comerciante libanês e de uma costureira de ascendência ítalo-portuguesa. Natural de Conquista, no interior de Minas Gerais, sua entrada no universo da dramaturgia se deu quando mudou para São Paulo, na década de 1940, e se tornou locutora e radioatriz na Tupi, adotando o nome artístico Janete Clair. Na mesma época, conheceu o dramaturgo Dias Gomes, com quem se casou. Nos anos 1950, incentivada pelo marido, começou a escrever radionovelas, destacando-se, logo em seu primeiro trabalho, com “Perdão, Meu Filho”, veiculada pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro em 1956. Nos anos 1960, migrou para a televisão, escrevendo “O Acusador” e “Paixão Proibida'” para a TV Tupi. Passou também pela TV Itacolomi, de Minas Gerais, e pela emissora carioca TV Rio.
Foi a partir de 1967, quando foi contratada pela TV Globo para reestruturar a problemática novela “Anastácia, a Mulher sem Destino”, de Emiliano Queiroz, que Janete consolidou sua história na teledramaturgia brasileira. A novela sofria com uma audiência fraca, além de ser uma história confusa com excesso de personagens. Com sua experiência em folhetim, ela promoveu uma mudança drástica: eliminou mais de 100 personagens usando como recurso um terremoto, além de promover um salto de 20 anos no tempo. Com os sobreviventes, reajustou o enredo e recuperou a audiência.
Se apropriando de textos ágeis, com linguagem coloquial do dia a dia e mais próximas da realidade brasileira, Janete adaptou definitivamente a telenovela para a realidade da época. A primeira das dezenas de obras veiculadas pela Rede Globo nesse formato, foi “Véu de Noiva”, de 1967.
E nesta sexta-feira, o programa Sem Censura, da TV Brasil, emissora da rede pública de comunicação, apresenta uma edição especial em homenagem à Janete Clair, a partir das 16h, com a presença da autora Glória Perez que além de escrever “Eu Prometo”, e foi responsável pelo remake outra novela clássica de Janete, “Pecado Capital”. Também participam da homenagem a roteirista Renata Dias Gomes, neta da novelista, e o jornalista e biógrafo Cleodon Coelho, que escreveu o livro “Nossa senhora das oito”, sobre a trajetória de Janete Clair.