A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) distribuiu no mês de abril 1.430 testes rápidos para detecção da hanseníase às 22 regionais de saúde. Esses testes irão apoiar a Atenção Primária à Saúde (APS) na vigilância às pessoas que estiveram em contato próximo e prolongado com casos confirmados da doença.
De acordo com o Ministério da Saúde (MS), o Brasil é o primeiro país no mundo a ofertar insumos para detecção da doença na rede pública. Os testes são disponibilizados aos municípios conforme a demanda.
Os profissionais responsáveis em disponibilizar esta ferramenta aos municípios participaram de capacitações no Laboratório Central do Estado (Lacen), Vigilância Epidemiológica e Atenção à Saúde, para identificar os casos elegíveis para os testes quando novos casos da hanseníase forem notificados.
“Os testes vão possibilitar uma agilidade muito maior para o diagnóstico precoce da hanseníase. Isso vai contribuir para a quebra da cadeia de transmissão em tempo oportuno e também reduzir as sequelas provocadas pelo comprometimento dos nervos periféricos, que caracterizam a doença”, explicou o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto.
HANSENÍASE – A hanseníase é uma doença infecciosa transmitida por bactéria (Mycobacterium leprae) e sua contaminação ocorre por via respiratória, em gotículas de saliva expelidas durante a fala, espirro ou tosse. Para adquirir a doença, é necessário contato próximo e prolongado com doente não tratado. É uma doença silenciosa, cujo período de incubação é longo, e pode levar até 10 anos para se manifestar.
Entre os primeiros sintomas estão as manchas pelo corpo com alteração ou perda de sensibilidade local, fraqueza e dores nas articulações de braços, pernas, mãos e pés, nódulos e ressecamento da pele. A doença tem alto poder incapacitante, trazendo estigma e discriminação às pessoas acometidas.
O tratamento, que é disponibilizado gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), conta com duração de 6 a 12 meses, podendo ser prolongado em casos mais avançados. O método utilizado é a poliquimioterapia, composto por três antibióticos e quanto antes for iniciado menores são as chances de agravamento. O uso do medicamento, além de curar a doença, interrompe a transmissão e previne as incapacidades físicas.
No Paraná o atendimento especializado, quando há necessidade de encaminhamento da APS, pode ser no Hospital de Dermatologia Sanitária do Paraná, em Piraquara, Região Metropolitana de Curitiba. O antigo Leprosário São Roque foi projetado em 1926, com o intuito de atender exclusivamente pacientes portadores da hanseníase. Hoje, sob gestão da Fundação Estatal de Atenção em Saúde (Funeas) é referência em dermatologia e feridas com oferta de serviços de consultas especializadas, equipe multiprofissional e atendimento especializado.
DADOS – Segundo o Ministério, o Brasil está em primeiro lugar no mundo em incidência de hanseníase e em segundo lugar em número absoluto de casos, atrás apenas da Índia (que tem mais de 1,3 bilhão de habitantes). De acordo com dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), em 2022 foram diagnosticados no Paraná 374 novos casos. Em 2023, já foram diagnosticados 101 novos casos e 709 pacientes estão em tratamento no Estado.
AÇÕES – O Plano Estratégico Estadual de Controle da Hanseníase prevê ações integradas entre Vigilância e Atenção à Saúde que, apoiadas pela assistência farmacêutica, laboratorial e de promoção da saúde, coordenam o trabalho de enfrentamento da hanseníase no Paraná. Entre elas, a busca ativa para detecção precoce dos casos, tratamento oportuno na prevenção e tratamento das incapacidades, reabilitação, manejo das reações hansênicas, recidivas e nos eventos pós-alta, investigação dos contatos de forma a interromper a cadeia de transmissão, formação de grupos de autocuidado, acesso a órteses e próteses e em ações adicionais que promovam o enfrentamento do estigma e da discriminação às pessoas acometidas pela doença.