Trabalhadores, especialistas e órgãos públicos têm cobrado a regulamentação do uso das ferramentas de inteligência artificial. Além de provocar transformações nos empregos, essa tecnologia pode ser um desafio para as eleições, 2023 foi o ano em que os aplicativos de inteligência artificial se popularizaram, ferramentas como chat GPT, Midjourney o Google assistente só para citar alguns estão transformando a rotina de pessoas e empresas e acenderam um alerta para muitos profissionais.
Há alguns meses atrás, um vídeo da atriz norte-americana, Elizabeth Osen, falando em português, viralizou na internet. Sabe por que esse alvoroço? A dublagem foi feita por inteligência artificial.
Um relatório do Fórum Econômico Mundial aponta que 1/4 dos empregos vai mudar nos próximos cinco anos. Em todo mundo 69 milhões de postos de trabalho serão criados, ao mesmo tempo em que 83 milhões serão eliminados. Áreas ligadas ao uso da inteligência artificial estarão entre as mais promissoras e já tem profissionais preocupados com todas essas possibilidades que a tecnologia pode gerar.
Para o ator e dublador profissional Marcelo Trigo, embora a técnica da dublagem ainda não possa ser substituída com perfeição é preciso regulamentar o uso das ferramentas para proteger o setor: “Os artistas de voz não temem que a inteligência artificial nos tire o trabalho porque nós não vamos deixar isso acontecer. É uma classe muito forte, muito unida. Mas na contrapartida que novos produtos podem surgir que podem nos beneficiar. Nós temos que regulamentar as nossas leis e impedir que que AI nos roube as vozes.”
E não são apenas as empresas ou profissionais que devem se preocupar com essas tecnologias. 2024 é ano de eleições municipais e essas tecnologias podem oferecer um desafio ao Brasil: evitar o uso para gerar uma avalanche de notícias falsas durante o pleito. Por meio da inteligência artificial é possível fazer um candidato falar algo que ele nunca disse ou diria. E o pior é muito difícil para o eleitor perceber que trata-se de uma notícia falsa.
Para Paula Bernardelli da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político a legislação atual já abarca algumas situações que envolvem essas ferramentas, mas é preciso avançar na responsabilização das empresas que desenvolvem essas tecnologias: “A gente tem aí um conteúdo potencialmente perigoso que pode colocar em risco uma estrutura democrática de um país. Criar uma legislação que coloque uma responsabilidade nessas empresas de tecnologia para que sejam obrigadas eventualmente a identificar os conteúdos que são produzidos com inteligência artificial parece um caminho legislativo interessante e urgente.
Em dezembro durante evento no Instituto de Estudos Jurídicos Aplicados o do Tribunal Superior Eleitoral Alexandre de Moraes cobrou do Congresso Nacional uma regulamentação do uso desses aplicativos para garantir a lisura da corrida eleitoral.